Terra, Teto e Crédito
Em Minas Gerais, MST acampa no Incra para exigir Reforma Agrária
Com mais de 500 militantes, a ação reivindica a regularização de áreas históricas

Por Agatha Azevedo
Da página do MST
Na madrugada desta terça-feira (22), o MST ocupou a sede da Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), localizada na capital mineira, para reivindicar que as políticas de Reforma Agrária sejam efetivadas.
O Movimento denuncia a morosidade da Reforma Agrária. Para as famílias em Minas Gerais, que enfrentam o governo Zema, atuante contra os pobres e trabalhadores, acaba sendo ainda mais prejudicial. A militância denuncia ainda que as áreas decretadas em ato político realizado no Acampamento Quilombo Campo Grande (MG), no mês de março, não foram totalmente regularizadas.
Na pauta mineira, camponesas e camponeses Sem Terra exigem a regularização de 19 áreas localizadas na região metropolitana, Vale do Rio Doce, Zona da Mata, Vale do Jequitinhonha, Vale do Mucuri, Sul, Norte e Triângulo mineiros.

Os territórios são referência em produção de alimentos saudáveis e diversificados, fruto do trabalho coletivo.
Segundo Brasilino Silva, da direção estadual do MST, o assentamento das famílias é fundamental para combater a fome e a crise ambiental. “Somente a reforma agrária é capaz de garantir comida na mesa, ao mesmo tempo em que planta árvores e faz justiça social”.
No estado, o Movimento tem a demanda de assentar 5 mil famílias, já no país, são cerca de 100 mil famílias Sem Terra acampadas à espera da regulação fundiária.
A ocupação permanece até que as negociações com a superintendência sejam realizadas.

Conflitos emblemáticos
Em Minas Gerais, estão duas das áreas mais emblemáticas do MST: o Acampamento Terra Prometida e o Acampamento Quilombo Campo Grande.
Localizado em Felisburgo, o Acampamento Terra Prometida resiste na luta pela terra a mais de 21 anos. Em 2004, pistoleiros invadiram o acampamento e assassinaram 5 sem terra à mando do fazendeiro Chafik. Até o momento, as famílias não foram regularizadas na terra.

Já o Acampamento Quilombo Campo Grande está localizado em Campo do Meio. A área foi desapropriada em prol de 459 famílias, depois de 27 anos de ocupação e 11 despejos, sendo o mais duro deles durante o período de pandemia, quando a escola popular Eduardo Galeano foi destruída.
A desapropriação da terra ocorreu em março, mas o Incra ainda não fez o pagamento dos mais de 4 mil hectares para regularizar as famílias. A região tem mais de 375 tipos de cultivos de alimentos e é referência na produção de café, com a organização cooperativada do Café Guaií.
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Além destes territórios, o Movimento reivindica áreas ocupadas em territórios de exploração e degradação ambiental por empresas do agronegócio e da mineração.
Na região do Vale do Rio Doce, o Movimento demanda que três acampamentos, localizados em terras da empresa de celulose Suzano, sejam desapropriadas. Só obtenção dessas terras é capaz de promover justiça e reparação aos crimes da mineração na região.
Mobilização nacional
Com o lema “Para o Brasil alimentar, Reforma Agrária Popular!”, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, realiza ao longo desta semana uma série de mobilizações em todo o estado baiano e no país. A Semana Camponesa é uma jornada nacional organizada pelo MST, com ações em dezenas de cidades brasileiras.
O MST cobra do governo federal medidas concretas para destravar a Reforma Agrária, como a atualização dos índices de produtividade, o assentamento das famílias acampadas, a recomposição orçamentária dos programas de apoio à agricultura familiar e a revogação de medidas que facilitam a mineração e a grilagem de terras em áreas da Reforma Agrária.
*Editado por Pamela Oliveira.