Mobilização nacional
Semana Camponesa mobiliza militância do MST na Bahia em defesa da Reforma Agrária Popular
Demandas estão travadas em diferentes regiões, com problemas na regularização de famílias acampadas e ameaças de despejo

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Para a Página do MST
Como parte da Semana Camponesa, nesta segunda-feira (21), direção estadual do MST realizou reuniões com o Governo da Bahia, retomando demandas agrárias apresentadas ao governo em abril deste ano. Em todo o estado, a Reforma Agrária segue travada em diferentes regiões, envolvendo problemas na regularização das famílias acampadas e ameaças de despejo.
Na região norte, militantes se mobilizaram nos municípios de Juazeiro e Petrolina (PE), em diálogo com a CODEVASF e o INCRA, denunciando o descumprimento de um acordo firmado em 2008 para o assentamento de mil famílias no Perímetro Irrigado Nilo Coelho.
Entenda: Mil famílias conquistam assentamento em áreas do perímetro irrigado, na Bahia

Já no extremo sul da Bahia, as mobilizações denunciam a paralisação das negociações que tiveram início em 2011 com as multinacionais papeleiras da região, onde áreas foram destinadas para a Reforma Agrária. As famílias continuam sem assistência, e a região está marcada por conflitos fundiários em áreas vinculadas à CEPLAC e à Superintendência do Patrimônio da União (SPU), com centenas de famílias ameaçadas de despejo.
Para Evanildo Costa, da direção nacional do MST, a frustração com o governo federal cresce diante da lentidão e fragilidade das negociações. “Temos pautas desde o segundo governo Lula, que acreditávamos que seriam resolvidas agora, no terceiro mandato. Mas a equipe atual tem se mostrado ineficiente”, analisa.
Costa denuncia que “as negociações com papeleiras no extremo sul estão paradas, as áreas do perímetro irrigado seguem sem avanço desde 2008, e a própria CEPLAC tem desconsiderado acordos firmados anteriormente”. “Enquanto isso, as famílias seguem sob ameaça”, avalia.
Mobilização nacional
Com o lema “Para o Brasil alimentar, Reforma Agrária Popular!”, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, realiza ao longo desta semana uma série de mobilizações em todo o estado baiano e no país. A Semana Camponesa é uma jornada nacional organizada pelo MST, com ações em dezenas de cidades brasileiras.
O MST cobra do governo federal medidas concretas para destravar a Reforma Agrária, como a atualização dos índices de produtividade, o assentamento das famílias acampadas, a recomposição orçamentária dos programas de apoio à agricultura familiar e a revogação de medidas que facilitam a mineração e a grilagem de terras em áreas da Reforma Agrária.
A Semana Camponesa também se insere nas lutas simbólicas do mês de julho. No dia 25 de julho, é celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, data que reverencia a luta das mulheres negras contra o racismo e o patriarcado. A jornada homenageia Tereza de Benguela, mulher negra e líder quilombola, símbolo da resistência e da luta pela liberdade.
Nesta data se celebra ainda o Dia Internacional da Agricultura Familiar, reconhecendo o papel crucial dos agricultores na produção de alimentos e na economia.
O MST reafirma que investir na Reforma Agrária e na agricultura familiar é uma ação concreta de combate à fome e promoção da soberania alimentar no Brasil.
*Editado por Pamela Oliveira.