Cultura

Cartazes do MST compõem exposição “Histórias da Ecologia” no MASP

Mostra conecta luta pela terra, agroecologia e preservação cultural no novo prédio do museu paulista

Foto: Douglas Mansur

Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST

O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) inaugurou a exposição “Histórias da Ecologia”, que ocupa os cinco andares do novo Edifício Pietro Maria Bardi. Entre mais de 200 obras de artistas, ativistas e movimentos populares de 28 países, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) participa com 11 cartazes, destacando-se como uma das presenças centrais da mostra.

A exposição está organizada em cinco núcleos:Teia da vida, Geografias do tempo, Vir-a-ser, Territórios, migrações e fronteiras e Habitar o clima. Os cartazes do MST estão inseridos, estabelecendo um diálogo entre ecologia, cultura e luta pela terra, no andar da “Teia da Vida“. A mostra marca a estreia do novo Edifício Pietro Maria Bardi, inaugurado em março de 2025. O prédio de 14 andares amplia em 66% a capacidade expositiva do MASP, consolidando a Avenida Paulista como um dos principais eixos culturais do país.

A participação do Movimento foi possível graças à atuação da equipe de Arquivo e Memória Nacional do MST, responsável pela organização, guarda e preservação de mais de 15 mil fotografias e documentos que registram quatro décadas de história da luta pela terra no Brasil. Já a produção dos cartazes é fruto do trabalho desenvolvido nos setores de Cultura e Comunicação do MST.

A seleção apresentada no MASP reúne campanhas históricas que vão da Reforma Agrária à soberania alimentar e à preservação ambiental. O acervo do MST preserva cartazes desde 1984, revelando que, desde sua fundação, o Movimento sempre articulou suas lutas com a pauta ecológica, vinculando reforma agrária, justiça social e cuidado com a natureza.

A mostra, que fica em cartaz até 1º de fevereiro de 2026, apresenta a ecologia como uma rede de relações entre seres vivos e o mundo que habitam, conectando comunidades, territórios e ecossistemas de diferentes períodos e localidades. A curadoria de André Mesquita e Isabella Rjeille propõe uma reflexão política sobre o tema, ressaltando marcadores sociais como gênero, raça e classe.

“Essa é uma presença muito especial. Ter esses cartazes do MST aqui, ainda mais nesse mês de setembro, em que o Movimento realiza uma série de ações que relacionam a Reforma Agrária com o cuidado do meio ambiente, é muito significativo”, afirmou Isabella Rjeille, referindo-se às ações nacionais do MST pela “Reforma Agrária Popular para cuidar da Natureza”.

As atividades de setembro marcam datas simbólicas como o Dia da Amazônia (5 de setembro), Dia do Cerrado (11 de setembro) e Dia da Árvore (21 de setembro), com mutirões de plantio de árvores nativas no âmbito do Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”, que já mobilizou o plantio de 45 milhões de árvores nos territórios da Reforma Agrária.

Atualmente, a agroecologia é um dos pilares centrais da proposta do MST para a Reforma Agrária Popular. O Movimento lidera a maior produção de arroz orgânico da América Latina, mostrando a viabilidade da produção em larga escala sem agrotóxicos e contestando o modelo do agronegócio baseado em monoculturas.

Foto: Douglas Mansur

“A presença do MST nessa exposição costura a questão da ecologia com a luta pelo direito à terra, ao cultivo, a alimentos de qualidade, ao acesso à água limpa, à moradia digna e à educação”, explicou Angeli, destacando como as pautas do Movimento se entrelaçam com os temas centrais da mostra.

Mais do que integrar uma exposição, a participação do MST no MASP reafirma a importância do acervo do Movimento como patrimônio cultural. Ter seus documentos e cartazes expostos em um dos museus mais importantes do país amplia a difusão de suas pautas, fortalece a luta pela terra e afirma o direito à cultura e à memória.

Arquivo e Memória Nacional do MST

O acervo do MST, formado por cartazes, fotografias, documentos e materiais de comunicação produzidos ao longo de mais de quatro décadas, constitui um patrimônio histórico e cultural da classe trabalhadora no Brasil. Sua preservação garante não apenas a memória da luta pela terra, mas também a valorização das expressões artísticas e políticas produzidas nos territórios da Reforma Agrária. Ao ocupar espaço em uma instituição como o MASP, esse acervo ganha projeção pública e reforça a ideia de que a cultura também é um direito coletivo, fundamental para compreender a história social do país.

Confira alguns dos cartazes da exposição:

Serviço

Exposição: Histórias da ecologia
Onde: MASP – AV Paulista, 1578 – São Paulo-Brasil
Data: até 1º de fevereiro de 2026.