Reforma Agrária Popular
Feira Estadual da Reforma Agrária de 2025 pauta a cultura, alimentação saudável e soberania popular em MG
Com o tema “Cultivar a terra, defender o Brasil”, evento reúne alimentos de 13 cooperativas Sem Terra e destaca a produção camponesa como resistência e futuro do país

Por Ali Nacif e Agatha Azevedo
Da Página do MST
Entre os dias 17, 18 e 19 de outubro, o Parque Municipal Américo Renné Giannetti, em Belo Horizonte, recebe a nova edição da Feira Estadual da Reforma Agrária e Agricultura Familiar, promovida pelo Centro de Formação Francisca Veras (CFFV), em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Minas Gerais e associações e cooperativas da Reforma Agrária. Em três dias de programação, o público poderá conhecer, saborear e celebrar a diversidade da produção camponesa mineira, além de participar de atividades culturais, formativas e de solidariedade que reafirmam o compromisso do Movimento com a terra, o alimento e o povo brasileiro.
A Feira integra o calendário de ações do Centro de Formação Francisca Veras (CFFV) e reafirma o papel da Reforma Agrária Popular como uma política essencial para garantir o direito à alimentação saudável, a preservação ambiental e o fortalecimento da agricultura familiar. Este ano, o tema “Cultivar a terra, defender o Brasil” guia as atividades, conectando a luta pela soberania alimentar à defesa da democracia e da vida no campo e na cidade. A expectativa é de que sejam comercializadas 30 toneladas de produtos da Reforma Agrária. A Feira conta com apoio da Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Fundação de Parques e Zoobotânica, e do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), com o Programa Alimento no Prato.
Produção diversa e sabores do campo

A Feira é a síntese do processo cooperativo do MST e da organização das famílias Sem Terra em torno da produção. Essa forma de pensar a produção de alimentos constrói soberania alimentar, gerando renda e relações mais humanas. Ao todo, nove cooperativas de Minas Gerais e barracas de produtos de quatro cooperativas vindas dos estados do Rio Grande do Sul, do Espírito Santo e de São Paulo estarão presentes. A Feira também contará com produções de coletivos de mulheres, cultura, saúde e associações produtivas das oito regionais organizadas pelo MST no estado.
A fartura de produtos vai até alimentos in natura, contando com artesanatos, instrumentos musicais e produtos agroindustrializados da Reforma Agrária, como cafés, queijos, doces, hortaliças, farinhas, mel, fitoterápicos e plantas ornamentais. Destacam-se também a comercialização de mudas e sementes. A tradicional Culinária da Terra vai ocupar o Parque, oferecendo pratos típicos e receitas que expressam o cuidado e o saber das famílias assentadas e acampadas.
Segundo Fábio Nunes, do Setor de Produção do MST em Minas Gerais, a Feira é um momento único de partilha e entrosamento entre o campo e a cidade.
“A Feira é um importante espaço para que a população da capital mineira tenha acesso a alimentos saudáveis produzidos nas áreas de Reforma Agrária de todo o estado. Além da comercialização de produtos agroecológicos e da geração de renda para os camponeses, será também um momento de vivenciar a cultura camponesa nos diversos espaços que estamos organizando — com a Culinária da Terra e seus pratos típicos das regiões, as atividades culturais, as experiências de restauração florestal, de educação infantil, de formação e de saúde. Lá, vamos vivenciar de perto os resultados da ocupação da terra, com a construção da Reforma Agrária Popular e de uma sociedade mais justa”, afirma.
Caminhos da agroecologia: formação e solidariedade

Pela primeira vez, a Feira de Minas Gerais irá receber o espaço Caminhos da Agroecologia, onde as pessoas poderão conhecer as experiências do Movimento nas múltiplas dimensões da Reforma Agrária Popular, que vão da produção à educação, passando pela cultura, comunicação e saúde.
O público poderá participar de rodas de conversa, oficinas e debates sobre agroecologia, soberania alimentar, função social da terra e meio ambiente, com destaque para as experiências do MST nas bacias do Rio Doce e do Paraopeba, dentro dos Programas Populares de Reparação Ambiental.
Outro destaque é a parceria com a Universidade Estadual de Minas Gerais através dos Círculos de Cultura em Escolas nas áreas de Reforma Agrária, que incentivam a dimensão criativa da relação com a terra a partir da educação do campo.
A Feira também cumpre o papel de trazer a solidariedade para o centro da defesa de um Brasil popular e soberano. A partir da organização do Mãos Solidárias, Movimento de articulação entre o campo e a cidade, haverá distribuição de alimentos saudáveis vindos dos territórios Sem Terra para comunidades em situação de vulnerabilidade social.
Cultura camponesa como resistência

A partir da necessidade de alimentar o povo brasileiro com terra, arte e pão, o MST traz a cultura Sem Terra para o coração da capital mineira, com intervenções artísticas de chão e palco nas diversas linguagens artísticas. No palco da cultura popular e camponesa, estarão artistas como Giancarlo Borba, Sol Bueno, João Arruda, Sérgio Pererê e Guarda de Congo da Irmandade Os Ciriacos, Titane no lançamento da apresentação da canção “Maria,” em parceria com o Bloco Pisa Ligeiro e Pereira da Viola, além de apresentações dos artistas Sem Terra, com destaque para o Zé Pinto e Mina Flor. A programação cultural busca reafirmar a arte como forma de luta e resistência, aproximando o público urbano das expressões e valores do campo.
Para Lua Oliveira, da direção estadual do Coletivo de Cultura do MST, a Feira é o espaço de encontro da arte e da luta, que caminham juntas na agroecologia.
“A Feira é o nosso grande elemento cultural, uma expressão da cultura do povo Sem Terra, da comida ao palco. Essa Feira cumpre a função de dialogar com a sociedade e defender a soberania do Brasil com arte e beleza. É o momento de defender a nossa cultura e as nossas expressões”, afirma.
Durante a Feira, o MST reforça seu compromisso com a defesa da natureza e o enfrentamento da crise ambiental por meio de ações práticas e educativas. Para isso, será implementada uma central de triagem de resíduos para reciclagem, desenvolvida em parceria com cooperativas de catadores, fortalecendo o trabalho coletivo e a economia solidária.
Além disso, o Movimento pretende reduzir o uso de plásticos e descartáveis, adotando copos reutilizáveis e estimulando práticas conscientes de consumo entre os participantes. A programação também inclui formações sobre a defesa da natureza e a crise climática, reafirmando a importância da agroecologia, da organização popular e do cuidado com os bens da natureza como parte central da luta pela vida e pela Reforma Agrária Popular.
Serviço:

Feira Estadual da Reforma Agrária e Agricultura Familiar 2025
17, 18 e 19 de outubro de 2025
Parque Municipal Américo Renné Giannetti – Belo Horizonte (MG)
Tema: Cultivar a terra, defender o Brasil
Programação:
17/10 – Sexta-feira – 08h às 18h – Feira e Culinária
10h30 – Ato de Abertura da Feira
13h – Roda de Conversa Mais Gestão
14h – Chão da feira – Ensaio aberto – Bloco Pisa Ligeiro
15h45 – Palco Latino Americano com Giancarlo Borba, Sol Bueno e João Arruda
17h – Roda de Conversa Culinária da Terra
18/10 – Sábado – 08h às 18h – Feira e Culinária
9h – Chão da feira – Roda de Capoeira
9h às 11h – Assembleia Popular em Defesa da Natureza
11h – Palco – Mina Flor e Zé Pinto
14h – Chão da feira – Ensaio aberto – Bloco Pisa Ligeiro
15h – Oficina de captura de abelha
15h – Roda de conversa Finapop / Roda Campanha contra agrotóxico
16h – Palco – Titane com lançamento do clipe Madeira e participação do Bloco Pisa Ligeiro
19/10 – Domingo – 08h às 15h30 – Feira e Culinária
10h – Palco – Sérgio Pererê e Guarda de Congo da Irmandade Os Ciriacos
11h45 – Chão da feira – Danças tradicionais com a Folia do Divino Espírito Santo
13h – Roda Brigadas de combate aos incêndios
14h30 – Palco – Pereira da Viola
15h30 – Encerramento da Feira
Assessoria de Imprensa
Agatha Azevedo – (31) 99408-7249 / Alí Nacif – (85) 98163-4382
*Editado por Fernanda Alcântara