Cultura
O Samba da Minha Terra homenageia Wilson Sucena, Chico Médico e Wander Geraldo no Espaço Cultural Elza Soares
Espaço Cultural Elza Soares recebe mais uma edição da série “O Samba da Minha Terra”, uma parceria entre o MST e a roda de samba Inimigos do Batente

Por Espaço Cultural Elza Soares
Da Página do MST
No dia 1º de novembro, o Espaço Cultural Elza Soares recebe mais uma edição da série “O Samba da Minha Terra”, uma parceria entre o MST e a roda de samba Inimigos do Batente. O encontro de novembro presta uma homenagem em vida a três grandes nomes do samba paulistano: Wilson Sucena, Chico Médico e Wander Geraldo, figuras fundamentais na história e na resistência cultural das rodas de samba da cidade. A entrada é gratuita.
“O Samba da Minha Terra” resgata o espírito das tradicionais reuniões de samba, com música, conversa e boa comida. A cada edição, sambistas e admiradores se encontram em um grande almoço festivo para celebrar a cultura popular e prestar homenagens a personalidades que marcaram o gênero. Esta é a quinta edição do projeto, que valoriza a memória viva dos que fizeram do samba um instrumento de arte, convivência e luta social.
O cardápio do encontro traz o melhor da culinária brasileira, somado a um ambiente de debate e partilha de saberes, além da roda de samba conduzida pelos Inimigos do Batente, um grupo com mais de 25 anos de trajetória, que mantém viva a tradição das rodas em São Paulo.
Mari Tavares, da coordenação do Espaço Cultural Elza Soares e parceira dos Inimigos do Batente na realização da série, destaca o caráter afetivo e formativo do projeto, “A cada edição, o Samba da Minha Terra se fortalece. Já passaram por aqui centenas de pessoas de diferentes idades e trajetórias. O mais bonito é a troca de saberes e o aprendizado que acontece também para quem ensina”, afirma.
A cantora Railídia, uma das fundadoras dos Inimigos do Batente, relembra o início de sua caminhada no samba com Chico Médico: “A roda de samba do bar Canto Brasileiro foi onde comecei a dar canja no fim dos anos 90. Chico me chamava pra cantar, foi meu professor e me legou um repertório que me influencia até hoje. Sucena sempre me impressionou pela firmeza de ritmo, e com Wander Geraldo vivi histórias inesquecíveis. Sou uma aprendiz desses bambas e é uma honra”, afirmou.
Samba militante
A série nasceu a partir de uma parceria firmada no Dia Nacional do Samba de 2024 (2 de dezembro), quando os Inimigos do Batente celebraram 25 anos de trajetória junto ao Espaço Elza Soares. Segundo Fernando Szegeri, fundador do grupo,
“O Espaço Cultural Elza Soares tem profunda afinidade com o samba, e os Inimigos do Batente sempre estiveram em sintonia com as lutas populares. ‘O Samba da Minha Terra’ é mais que uma roda: é um ato cultural e político que reflete sobre as lutas e desafios dos trabalhadores e trabalhadoras do samba.”
As edições anteriores homenagearam Fabiana Cozza e Toninho Nascimento (maio), Didú Nogueira e João Nogueira (junho) e a roda Berço do Samba de São Mateus (setembro), momentos marcados pela partilha, pela comida feita em coletivo e pela celebração da cultura popular.
Sobre os homenageados
Wilson Sucena, figura essencial do samba paulistano, produtor cultural, ritmista e compositor com parceiros como Nei Lopes e Luiz Carlos da Vila. Seu nome está ligado ao lendário bar Boca da Noite, no Bixiga, reduto histórico das décadas de 1980 e 1990. Advogado militante, Sucena concilia sua trajetória artística com o compromisso político pela justiça social e defesa dos direitos humanos.
Chico “Médico” Aguiar, conhecido como Doutor Chico, iniciou-se no samba já maduro, mas se tornou referência nas rodas dos anos 1990 e 2000. Comandou encontros memoráveis em bares como o Canto Brasileiro, o Traço de União e o Você Vai se Quiser, reunindo grandes nomes como Luiz Carlos da Vila e Jamelão. Costuma dizer: “O samba me salvou. É uma missão civilizatória.”
Wander Geraldo, sambista ligado há 40 anos à escola de samba Unidos do Peruche, foi intérprete do bloco Unidos do Pé Grande e militante das lutas por moradia em São Paulo. Ao lado de figuras como Thereza Santos e Benedito Cintra, articulou o movimento que reivindicou o reconhecimento do samba como patrimônio cultural e direito dos trabalhadores da cultura popular.
Espaço Cultural Elza Soares
Criado em parceria com o MST, o Espaço Cultural Elza Soares é um centro independente e educativo dedicado à produção e difusão cultural popular. Promove atividades nas mais diversas linguagens: teatro, cinema, música, culinária, artes visuais e práticas de bem-estar, fortalecendo o protagonismo das comunidades do campo e das periferias. A programação “Culinária da Terra” oferece pratos típicos regionais e promove o debate sobre alimentação saudável como direito humano fundamental.
Inimigos do Batente
Com 26 anos de trajetória, os Inimigos do Batente são referência nas rodas de samba paulistanas. Fundado por Railídia, Fernando Szegeri e Paulinho Timor, o grupo reúne músicos de diversas origens e ofícios da periferia à classe trabalhadora unidos pela paixão pelo samba. Já dividiram rodas com Wilson Moreira, Beth Carvalho, Monarco, Nei Lopes, Fabiana Cozza, Leci Brandão, entre muitos outros, mantendo viva a tradição e a resistência cultural do samba de raiz.
SERVIÇO
O Samba da Minha Terra
Homenagem a Wilson Sucena, Chico Médico e Wander Geraldo
1º de novembro de 2025
Das 13h às 18h
Espaço Cultural Elza Soares – Alameda Eduardo Prado, 474, Campos Elíseos, São Paulo (SP)
Entrada gratuita | Almoço e bebidas à venda no local
*Editado por Fernanda Alcântara



