Recuperação ambiental
MST no Rio de Janeiro lança Jornada da Natureza
Iniciativa que ocorreu durante a 16ª Feira Estadual da Reforma Agrária, articula plantios, solidariedade e atividades educativas para defender os biomas e enfrentar a crise climática no estado

Por Jéssica Lima
Da Página do MST
A Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes chega ao último dia de sua 16ª edição com o lançamento da Jornada da Natureza no Rio de Janeiro. A atividade realizada nesta quarta-feira (10), é uma articulação como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Paraná, que incentiva ações de cuidado ambiental, mobilização popular e recuperação de biomas. Em diferentes estados, promove plantios, semeaduras e debates e atividades educativas que unem estudantes, camponeses, pesquisadores e movimentos populares.
A iniciativa convoca o povo a defender os biomas, cuidar da terra e enfrentar a crise climática com solidariedade e organização. Eró Silva, da direção nacional do MST, anunciou que a Jornada da Natureza será nacionalizada a partir de abril de 2026.
No próximo ano teremos ações de reflorestamento, plantio e recuperação de áreas degradadas espalhadas por todo o país. O agronegócio mata e destrói e nós estamos criando estratégias coletivas para combater essa destruição promovida pelo modelo de exploração capitalista. Plantar árvores e produzir alimentos saudáveis fazem parte das soluções”, anunciou a dirigente.

Outro grande gesto concreto da Jornada da Natureza foi a solidariedade dos assentados da Reforma Agrária e agricultores urbanos presentes na Feira, que doaram alimentos agroecológicos a sete territórios fluminenses que fomentam a soberania alimentar em suas regiões. “Um dos princípios do MST é a solidariedade. Por isso, nós estamos partilhando com a classe trabalhadora os alimentos saudáveis e sem agrotóxicos. Os beneficiados são o Quilombo das Caboclas, a Comunidade do Sereno, a Serra da Misericórdia, a Comunidade do Formiga, a Organização Telhado Verde, a Ocupação do Movimento Unido dos Camelôs, o MUCA, e o Quilombo da Gamboa”, informou Eró Silva.
Além disso, também foram doadas 2.000 mudas de árvores nativas para organizações que fortalecem a luta nos territórios. As mudas foram cedidas pela Fiocruz Campus Mata Atlântica, em Jacarepaguá, Cedae e Cooperar.
O lançamento da Jornada teve início com uma mística musical de jongo, que reverenciou a palmeira juçara e celebrou a ancestralidade que guia a relação das populações com a natureza. O evento reuniu diferentes vozes que constroem essa caminhada coletiva. A Jornada da Natureza vai ser articulada com o Fórum das Comunidades Tradicionais, com a campanha “Juçara É Nossa”, nas periferias da cidade do Rio e nas áreas de assentamentos do MST no estadol. Quem também esteve presente no evento foi a representante da Fiocruz Campus Mata Atlântica, Andréa Vanini.

Inspirada pela edição recente realizada no Paraná, que distribuiu e semeou mais de 21 toneladas de sementes de juçara, a Jornada chega ao Rio de Janeiro com apoio dos mandatos da deputada estadual Marina do MST e da vereadora Maíra do MST. Jocinei Lima, representante do MST Paraná, trouxe a experiência exitosa do estado.
“A palmeira juçara se tornou símbolo da Jornada da Natureza. A gente tem feito várias articulações com o Estado. Helicópteros da Polícia Rodoviária Federal (PRF) têm sido utilizados para fazer a semeadura da espécie. O MST tem trabalhado para valorizar a biodiversidade no Paraná e recuperar áreas devastadas pelo agronegócio. Esperamos que o sucesso da Jornada da Natureza do Paraná se espalhe para outras regiões do Brasil”, enfatizou.
A deputada estadual Marina do MST acompanhou as ações de replantio no Paraná e falou sobre a emoção que sentiu ao subir no helicóptero da PRF. “Esse ano, o MST já semeou quatro toneladas de palmeira juçara no Paraná. Fiquei emocionada porque lembrei das tantas vezes que o helicóptero da Polícia Militar só sobrevoa as favelas para matar. E dessa vez um helicóptero das forças de segurança foi responsável por plantar esperança, vida e futuro para nossa juventude”, declarou a parlamentar, que anunciou ainda, em primeira mão, a sanção da lei que transforma a palmeira juçara em patrimônio histórico do Estado do Rio de Janeiro.

Já a vereadora Maíra do MST destacou que a Jornada da Natureza é uma resposta concreta à crise climática. “É fundamental que a gente esteja lançando esse projeto aqui no Rio, onde temos o bioma da Mata Atlântica. A gente sabe que o povo favelado sofre muito mais com as consequências da crise climática e do racismo ambiental do que as classes mais abastadas, que vivem protegidas em áreas consideradas nobres. Portanto, a Jornada da Natureza é uma resposta eficaz no combate à crise climática”, ressaltou Maíra.
O Plano Nacional Plantar Árvores Produzir Alimentos Saudáveis, lançado em 2020 pelo MST, tem a meta de plantar 100 milhões de árvores em assentamentos, escolas do campo, cooperativas e áreas urbanas, até 2030. A iniciativa também prevê a implementação de políticas públicas alternativas ao agronegócio, como fomento das produções agroecológicas e criação de sistemas agroflorestais.
*Editado por Solange Engelmann



