Mulheres Sem Terra ocupam “falso projeto sustentável” de mineradora na Bahia

As trabalhadoras denunciam o “falso modelo de produção sustentável” da empresa através do monocultivo de eucalipto.

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Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia

“A mineração destrói, o estado faz a guerra. O sangue dos atingidos, também é sangue Sem Terra”. Essa foi a palavra de ordem que deu o tom de unidade na luta contra o modelo de produção, empreendido pelas mineradoras no Bahia, durante ocupação, realizada na manhã do último domingo (6), com mais 200 Mulheres Sem Terra em uma das áreas da Companhia de Ferro Ligas da Bahia (Ferbasa), na cidade de Planaltino.

A empresa diz que desenvolve atividades de reflorestamento com plantios de eucalipto, distribuídos em 09 municípios da Bahia: Mata de São João, Entre Rios, Araçás, Cardeal da Silva, Esplanada, Conde, Alagoinhas, Maracás, Planaltino e Aramari. 

Nesses municípios, a companhia possui 64.000 hectares destinados a produção de carvão, o que rende mais de 12.000 toneladas ao mês.

As trabalhadoras denunciam o “falso modelo de produção sustentável” da empresa através do monocultivo de eucalipto e apontam ainda, que a companhia comprou diversas propriedades na região, porém as terras estão sem produção. 

A Ferbasa é atualmente uma das 500 maiores empresas do Brasil, com produção destinada, principalmente, ao Japão e às indústrias do Sul do país. 

Na Bahia, se encontra entre as 10 maiores, com faturamento anual superior a 500 milhões de dólares, porém as trabalhadoras afirmam que as desigualdades sociais e econômicas na região em que a empresa exerce suas atividades, estão tomando proporções alarmantes.

“A empresa não garante emprego a população e degrada o meio ambiente com o deserto verde provocado com as plantações de eucalipto”, diz Domingas Farias, da direção estadual do MST. 

Eucalipto

De acordo com a Agência Embrapa de Informação e Tecnologia quanto maior for a produção de biomassa do eucalipto, maior será o consumo de água para suprir o seu crescimento.

A agência diz também, que não existe um valor específico de consumo hídrico, porém diariamente os números oscilam entre 1,2 e 46,2 litros de água por árvore.

Para Domingas, a região da caatinga, bioma local, existe uma grande escassez de água. “Com o plantio da monocultura do eucalipto, não existe um compromisso da empresa com a sustentabilidade, pelo contrário, existe mais uma fonte de renda, com a venda do carvão, para aumentar a lucratividade”.

Com foices, facões, machados e estendo uma lona preta sobre a propriedade, as mulheres montaram um acampamento e pretendem continuar mobilizadas no local sem previsão de saída.

A ação faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra que este ano pretendem realizar diversas lutas em denúncia ao capital e atividades no campo da formação política.