Em Porto Alegre, mulheres fazem caminhada contra o desmonte da Previdência
Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST
Fotos: Ana Costa
A manhã deste 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, foi de protesto de mais de 3 mil trabalhadoras urbanas e rurais contra a reforma da Previdência do governo Michel Temer (PMDB), em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O objetivo foi marcar a quarta-feira como um dia de luta em defesa dos direitos previdenciários e trabalhistas, rumo a uma greve geral.
A mobilização começou por volta das 5 horas da manhã, quando comitivas de várias regiões do estado começaram a chegar nas proximidades da Ponte do Guaíba. Do local, carregando faixas e cartazes com fotos de deputados federais e senadores, e gritando palavras de ordem como “a Previdência é nossa, ninguém tira ela da roça”; e “para barrar o ajuste fiscal, é fora Temer e greve geral”, as mulheres partiram em caminhada pelas principais avenidas da cidade até o centro histórico da capital. Ao todo, foram mais de quatro horas de atividades externas.
“Esta proposta de reforma previdenciária é contra todo o povo brasileiro, especialmente contra as mulheres, que têm jornada tripla de trabalho, sofrem com a desigualdade e enfrentam essa sociedade machista. Agora, todo dia será de luta. O povo tem que saber o que está acontecendo no país”, afirma Débora Melecchi, da Central dos Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil (CTB).
Durante o trajeto de mais de cinco quilômetros, surgiram também consignas pelo “Fora Sartori” e “Fora Júnior”, devido às medidas neoliberais adotadas pelo governador do RS, José Ivo Sartori (PMDB); e pelo prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior (PSDB). A mobilização unificada também repudiou a criminalização dos movimentos populares e a violência contra as mulheres, além de se posicionar em defesa da educação sem mordaça, do Sistema Único de Saúde (SUS) e da Reforma Agrária.
“Se aprovada, a reforma da Previdência trará consequências drásticas, principalmente para os mais pobres, mulheres, idosos, jovens e trabalhadores rurais, que vão ter que trabalhar dez anos a mais para poder se aposentar. Isto significa para muitos, morrer sem chegar à aposentadoria, já que a expectativa de vida do agricultor é menor que a dos demais brasileiros. A proposta também desestimula a permanência no campo. A aposentadoria é um complemento à renda familiar e ela garante, na maioria das vezes, a qualidade de vida de quem tem uma rotina pesada de trabalho na roça e antes sobrevivia apenas de rendas sazonais. Sem a aposentadoria, vai aumentar o êxodo rural”, explica a assentada Roberta Coimbra.
Os minutos finais da caminhada foram marcados por um ato de repúdio à reforma da Previdência na agência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), nas proximidades do Mercado Público de Porto Alegre. Logo depois, as trabalhadoras se deslocaram até a Assembleia Legislativa, onde participaram do seminário “O impacto da reforma da Previdência na vida da mulher trabalhadora”, organizado pelo presidente da casa, deputado Edegar Pretto (PT). Este é o primeiro de uma série de grandes debates que o parlamentar pretende realizar durante o ano de seu mandato na presidência da Assembleia, em parceria com movimentos populares.
Outras mobilizações
Além das atividades em Porto Alegre, diversas organizações de mulheres do campo e da cidade promovem ações regionais, como feiras, caminhadas, distribuição de panfletos e atos públicos em vários municípios gaúchos ao longo do dia. Todas as mobilizações têm como foco principal a luta contra as reformas da Previdência Social e trabalhista.
Confira mais fotos da mobilização em: https://www.flickr.com/
*Editado por Leonardo Fernandes