Armazém do Campo: da terra para a mesa dos trabalhadores

No Assentamento Nova Esperança, são produzidos alimentos comercializados no Armazém do Campo.
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Espaço de comercialização dos produtos do MST está localizado no centro de São Paulo, e comemora um ano de funcionamento levando alimentos de qualidade à mesa dos paulistanos.

 

 

Por Leonardo Fernandes
Da Página do MST

 

Valdir Martins tem 45 anos e fala com orgulho da produção de hortaliças que cultiva no Assentamento Nova Esperança, em São José dos Campos, interior de São Paulo. “Aqui eu tenho uma área de quatro hectares, trabalho com o sistema de agroflorestas, o SAF, onde cultivamos as hortaliças consorciadas com as espécies nativas. […] Aqui eu tenho entre 25 e 30 variedades de produtos: brócolis, couve-flor, repolho, alho poró, acelga, rabanete, agrião, salsa, coentro, vagem, ervilha, berinjela, jiló…”

Ele conta que nasceu no Mato Grosso, onde trabalhou como agricultor durante toda a vida. Quando se mudou para São Paulo, viu no MST uma oportunidade para conseguir um pedaço de terra onde pudesse produzir. “Eu sempre trabalhei na agricultura, nunca morei nos grandes centros. Quando eu vim para o estado de São Paulo eu constitui família na cidade de Sumaré, e como eu sempre tive vontade de ter um lugar para cultivar, depois de ter trabalhado muito em propriedades dos outros, eu me aproximei do MST, vislumbrando a possibilidade de ser assentado”.

O assentamento Nova Esperança foi iniciado há 15 anos. Hoje, 63 famílias vivem no local, que fica a pouco mais de 100 km da capital paulista. Valdir conta que as dificuldades não foram poucas, mas que a organização e o debate sobre a agroecologia, ajudaram os assentados e assentadas a desenvolver a produção, tornando-se uma referência da região na produção de hortaliças.

“O MST tem em seus princípios a produção agroecológica, que significa o cuidado com o meio ambiente, a recuperação dos solos, da água, para que de fato seja uma produção de qualidade em prol de uma alimentação saudável. E através dos debates que o Movimento propõe, eu comecei a conhecer técnicas que me ajudaram a melhorar a produção”, afirma.

 

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A pouco mais de 100 km são produzidos alimentos
comercializados no Armazém do Campo.

Hoje, a horta dá gosto de ver. Com uma variedade tão grande de alimentos livres de veneno, o desafio passou a ser a distribuição e escoamento, como conta o assentado Altamir Bastos, de 47 anos.

“Um dos desafios nossos aqui no assentamento foi repensar as formas de comercialização, para além das populares feiras, no sentido de criar uma nova relação com os consumidores, como por exemplo, os grupos de consumo, ou o próprio Armazém do Campo, que é mais uma forma de garantir o escoamento da nossa produção, e ao mesmo tempo possibilitar o acesso a esses produtos para a população da região central de São Paulo”, aponta Altamir.

É de lá, do Assentamento Nova Esperança que chega uma vez por semana uma variedade de produtos, como repolho, couve-flor, rúcula, couve, alface, chicória, salsão, salsinha, cebolinha, coentro, ao Armazém do Campo, que está de aniversário nesse mês de agosto. Segundo Altamir, a inauguração do espaço, há um ano, representou uma grande realização para os trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra da região e de outras partes do país.

“O nosso interesse é produzir, e claro, distribuir essa produção de uma maneira cada vez mais direta. Para nós, é uma grande satisfação e honra poder fazer esse processo de comercialização através de um instrumento que também é nosso, como o Armazém do Campo”, afirma.

Para Altamir, mais que uma fonte de renda para os agricultores, o Armazém significa uma realização da luta pela terra. “Quando a gente chega lá com uma caixa de produtos, nós conseguimos visualizar todo o período de luta que tivemos que passar para chegar a essa produção”, diz.

Além de poder conferir e levar para casa toda essa produção saudável, quem passar pelo Armazém do Campo nessa semana vai se surpreender com uma variada programação cultural de comemoração do primeiro aniversário do espaço, que inclui bate-papos sobre alimentação saudável e projeções de vídeos.

No sábado (19), a programação começa com um café da manhã e uma feirinha especial da Reforma Agrária (agora semanais), e quem ficar para o almoço, poderá provar o Carreteiro da Terra, feito por João Pedro Stédile, da Coordenação Nacional do MST. À tarde tem ainda o lançamento do e-commerce do Armazém do Campo e no fim do dia, muita música e cantoria para celebrar mais essa conquista do povo Sem Terra.

 

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*Editado por Rafael Soriano