Atenção Minas Gerais: já começou o Circuito Mineiro de Arte e Cultura da Reforma Agrária
Por Leonardo Fernandes
Da Página do MST
Desde o dia 2 de setembro foi dado início ao Circuito Mineiro de Arte e Cultura da Reforma Agrária. Com o tema ‘Alimentar a luta, cultivar a arte, serão realizados sete festivais de arte e cultura regionais, e um estadual, até o fim do mês de outubro.
A primeira cidade a receber o circuito foi Governador Valadares, localizada no Vale do Aço, nos dias 2 e 3 de setembro.
Entre 7 e 10, será a vez de Montes Claros, cidade polo do Norte de Minas. Logo segue para Alfenas, no Sul de Minas, entre os dias 22 e 24, e encerra o mês de setembro com a realização das atividades em Juiz de fora, na Zona da Mata, de 28 a 30.
Em outubro a capital mineira, Belo Horizonte, sediará o festival estadual, que será realizado no mesmo local do ano passado, na Serraria Souza Pinto, no centro da cidade, nos dias 6, 7 e 8. No dia 21 de outubro, também haverá o lançamento do Armazém do Campo de BH.
Já em novembro o circuito viaja para o Vale do Jequitinhonha, nos dias 11 e 12, na cidade de Almenara. Entre os dias 17 e 19, será a vez de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. O último festival regional ocorre em Betim, na região metropolitana de BH, nos dias 25 e 26, encerrando o circuito.
Em entrevista, Luana Oliveira, da Coordenação Nacional do Coletivo de Cultura do MST e uma das organizadoras do Circuito Mineiro conta como surgiu a ideia de realizar o Circuito que leva arte, cultura e alimentos saudáveis para diversas cidades mineiras durante os meses de setembro e novembro de 2017.
Confira:
Como surgiu a ideia de fazer um Circuito de Mineiro de Arte e Cultura da Reforma Agrária?
A partir da organização do Festival Nacional de Arte e Cultura da Reforma Agrária do MST, realizado em Belo Horizonte, em julho de 2016, fizemos uma avaliação da potencialidade de diálogo com a sociedade sobre a Reforma Agrária Popular por meio das diversas linguagens, como a arte e a cultura, e a própria comercialização dos alimentos produzidos em áreas de assentamentos e acampamentos do MST.
Esses espaços de cultura são, para o MST, grandes ações de agitação e propaganda em torno de nossas bandeiras. É também uma forma de ocupar as ruas e praças das cidades em defesa da Reforma Agrária Popular e denunciando o golpe na nossa democracia.
Que tipo de atividades o circuito apresenta?
Além das feiras de produtos da Reforma Agrária, que ofertam produtos orgânicos, agroecológicos, artesanatos, mudas e sementes crioulas, o circuito trás em sua programação mostras da cultura Sem Terra e da cultura popular regional, com a participação de artistas do MST, artistas populares da região e de projeção estadual. Os festivais regionais também garantem espaço para as manifestações culturais locais, como os caboclinhos no Rio doce, o batuque em Montes Claros, e diversos outros.
Também está presente nas atividades do circuito a Cozinha da Roça, uma feira gastronômica onde serão comercializados pratos típicos da região, como arroz com pequi, o feijão tropeiro, a galinha caipira, os sucos de frutas do cerrado, caldo de cana e a tradicional cachaça mineira.
Há também um espaço dedicado à saúde, onde são oferecidos produtos de cuidado e prevenção a diversas doenças, produzidos a partir dos conhecimentos da medicina alternativa.
Além, claro, dos debates realizados nas tendas dos saberes sobre temas que interessam ao trabalhador como o direito à terra, a alimentação saudável, água, a situação política na Venezuela, o governo golpista do Brasil, a questão de gênero e muitos outros.
Como tem sido a receptividade do público nos lugares onde o Circuito já foi realizado?
Em Governador Valadares onde foi iniciado o circuito, fizemos uma avaliação muito positiva. Vendemos cerca de cinco toneladas de produtos e as programações noturnas foram bem recebidas pelo povo da cidade. O forró do cantor Tau Brasil fez muita gente dançar na noite do sábado e Pereira da Viola colocou todo o público para rodar ciranda no fim da tarde do domingo. Além disso, a Cozinha da Roça foi um sucesso, e conseguiu vender quase todos os pratos que foram preparados.
Qual o objetivo de um circuito cultural como esse no contexto da Reforma Agrária Popular?
O grande objetivo do circuito, além de dialogar com o povo sobre Reforma Agrária Popular, é a construção dela na prática. A organização da produção local em torno da realização da feira de alimentos, por exemplo, possibilita que os trabalhadores Sem Terra possam divulgar o trabalho. Quando um trabalhador da cidade deva para casa a comida que produzimos, também leva um pouco da nossa história e da nossa forma de vida.
Além disso, é a valorização da cultura popular que representa nossas raízes, nossa identidade. É uma grande festa popular, uma festa da colheita, um espaço para compartilhar, conversar, comer comida boa e saudável, de conhecer um pouco da cultura Sem Terra e se reconhecer na luta desse povo.
Portanto, o grande objetivo do Circuito é debater com os trabalhadores e trabalhadoras de Minas Gerais sobre alimentação saudável, e dessa forma dialogar sobre a Reforma Agrária Popular que é o nosso projeto para o campo brasileiro, no qual propomos uma radical mudança da forma de se produzir alimento, apontando a agroecologia como a saída. E quando se transforma a forma de produzir o alimento se transforma a cultura, por isso é que trazemos toda nossa arte e nossa cultura pra ocupar as praças dessas cidades por onde o circuito vai passar, mostrando ao povo tudo o que produzimos quando ocupamos a terra, e a forma como queremos seguir cuidando dela: produzindo comida saudável, ocupando com gente, arte e uma nova cultura esses territórios.