Em dia de luta, MST em Alagoas denuncia a violência e a impunidade no campo

Dia Estadual de Luta Contra a Violência e a Impunidade no Campo e na Cidade relembra os 12 anos da morte do líder Sem Terra Jaelson Melquíades.

WhatsApp Image 2017-11-29 at 11.35.05.jpeg

 

Por Gustavo Marinho
Da Página do MST

 

Camponeses e camponesas de todo o estado de Alagoas realizam durante esta quarta-feira (29) diversas ações pela passagem do Dia Estadual de Luta Contra a Violência e a Impunidade no Campo e na Cidade. A mobilização iniciou com uma grande marcha na cidade de Maribondo, Zona da Mata de Alagoas, com concentração a partir das 9h que, além dos trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra vindos de todas as regiões de Alagoas, teve a presença de sindicalistas, movimentos populares e amigos do MST na região.

O dia marca o assassinato do líder Sem Terra Jaelson Melquíades, morto em uma emboscada no município de Atalaia, sob ordem dos latifundiários da região, há 12 anos.

Aos 25 anos, Jaelson teve sua morte encomendada por um fazendeiro de Atalaia, articulado num consórcio da elite da região.“Desde o assassinato de Jaelson, há 12 anos, todo o dia 29 de novembro é marcado pela luta e denúncia dos camponeses e camponesas contra a impunidade que sustenta a violência no campo e na cidade”, ressaltou Margarida da Silva, da Direção Nacional do MST.

Segundo a dirigente, as ações são respostas da organização aos poderosos que querem acabar com a luta pela Reforma Agrária. “O braço armado do latifúndio sempre foi acobertado pela conivência do Poder Judiciário, criminalizando e tentando acabar com a luta pela terra e pela Reforma Agrária em Alagoas. Nossa luta é pela memória de Jaelson e de tantos outros mortos na luta pela terra, pelo seu legado e continuação de sua luta”.

Margarida lembra do assassinato de outros trabalhadores rurais assassinados em Alagoas que seguem impunes, a exemplo de Chico do Sindicato (em 1995), José Elenilson (em 2000) e Luciano Alves (em 2003).

“No caso de Jaelson, mesmo com a prisão do suposto executor do assassinato, é preciso que continuemos mobilizados, exigindo a punição dos mandantes de sua morte”, disse Margarida, lembrando o desdobramento do caso que, após diversas mobilizações, fez com que o suposto executor da morte de Jaelson fosse preso quase 10 anos depois do assassinato do Sem Terra.

“As fileiras da nossa marcha contra a impunidade e a violência apontam a Reforma Agrária como caminho para solucionar esse problema ainda vivo no cotidiano dos que lutam pela terra em Alagoas e em todo o Brasil”, disse José Roberto, também da Direção Nacional do MST.
 

WhatsApp Image 2017-11-29 at 11.34.51.jpeg

José Roberto reforça que a resposta aos ataques de violência, acobertados pela impunidade, são expressas no cotidiano da organização e da vida nos acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária em todo o estado. “Nossa resistência à violência do Estado, seja pela negação das políticas públicas para as nossas áreas ou as ameaças de despejo, nossa produção de alimentos saudáveis nos acampamentos e assentamentos, luta por educação, saúde, moradia e garantia de condições de vida digna aos homens e mulheres que vivem no campo, são respostas concretas aos que querem acabar com a nossa luta, ameaçando e tirando a vida dos nossos companheiros e companheiras”, explicou o dirigente.

“Queremos que a terra seja espaço para a vida e não espaço de escravidão, morte, injustiça, exploração e violência, e só a Reforma Agrária possibilita essa mudança. Por isso seguimos em marcha e em luta”, concluiu.

Além das ações em Maribondo, durante o período da tarde, os Sem Terra realizam na cidade de Atalaia um grande ato público, reunindo parceiros e parceiras da luta pela terra e uma celebração ecumênica em memória de Jaelson e dos lutadores Sem Terra assassinados em Alagoas.

 

*Editado por Leonardo Fernandes