MST no Maranhão homenageia Luís Preto a um mês do seu assassinato

Amigos, familiares e militantes de diversos partidos e movimentos sociais participaram da missa que relembrou os 30 dias do assassinato de Luís dos Santos Silva, o Luís Preto.

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Por Reynaldo Costa
Da Página do MST

 

Na tarde da quarta-feira (17), o Assentamento Itacira em Imperatriz Maranhão parou para homenagear Luís Preto, assassinado a um mês. Em todos os momentos, era difícil encontrar um rosto, de qualquer idade, que não estivesse em lágrimas, uma síntese da perda pelo que representava Luís Preto.

Mais que uma “missa de 30 dias”, e apesar da emoção e fortes sentimentos de saudades, a celebração religiosa se transformou em um grande ato de homenagem.

Várias falas de militantes sociais e políticos, de amigos e vizinhos, trouxeram presente a luta de Luís.
Simone Silva, da Direção Estadual do MST no estado, pertence ao assentamento Itacira, onde vive vários de seus familiares. Ela fez a fala em nome do MST e insistiu na importância da comunidade sempre organizar na busca por direitos e melhoria, uma das ações que segundo ela Luís Preto fazia constantemente.

Em uma das falas, Maria Querubina, do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu, levantou a voz e convidou a comunidade a não se render diante da barbárie que se desenvolve no meio da sociedade. E convidou a comunidade para na semana que vem discutir a situação de violência na região.

Luís estava envolvido em todas as atividades da comunidade. Ajudou até a consolidar um time de futebol feminino no local, o Cruzeiro, que tem expressão em muitos torneios e campeonato da região. Ele fazia do futebol um instrumento de integração e de organização.

“Ele usava o futebol para nos assinar a conviver com o outro. Lembro que sempre ele pedia para respeitar o outro time em todas as hipóteses”, afirma Maria Vanicléia, a “Nega”. E conclui emocionada: “Vai ser difícil jogar e não ouvir mais os seus gritos de apoios e orientações do lado do campo”. 

O vereador de Imperatriz pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Marcos Aurélio, lembra de Luís Preto como um grande mobilizador. “Foram inúmeras as vezes que Luís mostrou sua capacidade de mobilização. Mesmo que um ato fosse convocado em cima da hora, ele conseguia mobilizar muita gente no assentamento. Ele estava sempre à disposição para lutar.”

 

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Tendo iniciado suas lutas na Igreja Católica, logo tornou-se um militante social importante na consolidação de diversos instrumentos de luta dos trabalhadores, como o MST, o Partido dos Trabalhadores e o Sindicatos de Trabalhadores Rurais na região sudoeste do Maranhão. Foi uma das principais lideranças na conhecida luta pela fazenda “Criminosa” em Imperatriz, que pertencia ao Grupo Sharp, hoje, Assentamento Itacira / Vila Conceição. A ocupação em julho de 1985 sofria preconceito da sociedade urbana e repressão do estado e de pistoleiros.

Luís apostou na organização para enfrentar as dificuldades. “A organização foi a melhor forma de resistência”, disse Luís em uma entrevista ao repórter Márcio Zonta, do Brasil de Fato, em 2011. “Aqui viramos verdadeiros irmãos, formamos várias equipes, onde quem era encarregado de fazer a roça, fazia não só para ele, mas para todos”, dizia Preto.

Luís Preto foi assassinado durante um assalto em uma das estradas vicinais do Assentamento Itabira. Na definição da Direção Estadual do MST no Maranhão, Luis foi mais uma vítima da “barbárie, degradação e desumanização da sociedade humana, que assola os dias atuais”.

 

*Editado por Leonardo Fernandes