Camponesas ocupam Secretaria de Agricultura, Incra e Iteral em Alagoas
Por Gustavo Marinho
Da Página do MST
Vindo de todas as regiões do estado de Alagoas, cerca de 1000 trabalhadoras rurais Sem Terra seguem em mobilização na capital Maceió. Somente na manhã de hoje (07) as camponesas ocuparam a sede da Secretaria de Agricultura, o prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e o Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (ITERAL), no Centro da Cidade. As ações integram a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra que já mobiliza milhares de camponesas em todo o país.
Participam das atividades em Alagoas camponesas organizadas no MST, no Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e do Movimento Via do Trabalho (MVT).
“Voltamos mais uma vez para as ruas de Maceió denunciando o descaso e a paralisação da Reforma Agrária”, destacou Diana Aleixo, da coordenação do MLST. “A paralisia da Reforma Agrária afeta diretamente a vida das mulheres camponesas, nenhuma área foi destinada à Reforma Agrária desde o início do governo golpista de Temer e isso afasta cada vez mais as mulheres do campo no acesso aos direitos fundamentais para a vida e permanência do campo com a família”.
Em Jornada na cidade de Maceió desde terça-feira (06), as camponesas iniciaram as mobilizações com a ocupação do prédio da Eletrobras, denunciando a privatização da companhia, onde montaram acampamento. O prédio foi desocupado na manhã de hoje (08) quando as mulheres, em marcha pela Avenida Fernandes Lima, seguiram para o centro da cidade dialogando com a sociedade.
“Seguiremos em marcha na defesa da Reforma Agrária e pela vida das mulheres no campo. Se hoje a população na cidade se alimenta de macaxeira, batata, feijão, abóbora e tantas outras coisas, isso é fruto do trabalho de mulheres e homens que estão no campo e se por acaso nossa voz não chegar também na cidade, seremos esquecidas aos olhos do poder público. A luta das camponesas também é uma luta do povo da cidade”, explicou Diana.
Nos três órgãos ocupados, as Sem Terra exigem audiência com os respectivos superintendentes, para debater as demandas das mulheres para o campo alagoano.
De acordo com Débora Nunes, da coordenação do MST, as ocupações trazem pautas já conhecidas de todos os órgãos, mas que seguem sem retorno. “As demandas das mulheres Sem Terra não são demandas novas, mas a luta cotidiana é necessária para cobrar das devidas autoridades posição efetiva para os problemas que vive o campo alagoano e que afeta a vida das mulheres que hoje fazem luta em Maceió”.
Entre as reivindicações das camponesas está a demanda de criação de um Centro de Referência da Saúde da Mulher, que contemple as mulheres do campo; projetos e ações que fomentem a estruturação produtiva dos grupos de mulheres nas áreas de Reforma Agrária, além das demandas de infraestruturas sociais e produtivas nos assentamentos e acampamentos, como estrada, energia elétrica e etc.
“É preciso que o poder público possa responder às questões das camponesas e camponeses em Alagoas, fortalecendo a Reforma Agrária e a agricultura camponesa e, com isso, potencializando o desenvolvimento nos municípios e de todo o estado”, comentou Débora.
“As camponesas ocupam Maceió com a força, a resistência e a coragem necessária na defesa da Reforma Agrária e contra toda e qualquer negação dos direitos que deve ser garantido a todas e todos que vivem no campo”.
Segundo Nunes, a mobilização continua nos próximos dias em Maceió, onde as camponesas somam-se as mobilizações do 8 de março, dia internacional de luta das mulheres, com os movimentos urbanos, no grande ato unitário que deve reunir milhares na capital alagoana, a partir das 8 horas, com concentração na Praça Centenário, no bairro do farol.
Ainda na tarde de hoje (7), as Sem Terra convocam uma grande assembleia das mulheres dos movimentos populares, sindicatos e partidos de Alagoas às 16h, no acampamento das camponesas na Secretaria de Agricultura.
“Devemos reunir hoje uma diversidade de parceiras da luta pela terra e pela Reforma Agrária, apontando a importância da unidade das mulheres do campo e da cidade na luta pela democracia, pela soberania e contra qualquer tipo de violência à vida e aos direitos das mulheres”, disse a coordenadora do MST.
*Editado por Maura Silva