Expressão popular lança livro sobre o intelectual russo Anatoli Lunatchárski
Da Página do MST
Em julho, a editora e livraria Expressão Popular lançou o livro “Revolução, arte e cultura”, do dramaturgo e militante russo Anatoli Lunatchárski, falecido há 86 anos. Com textos inéditos no Brasil, a obra traz reflexões sobre a importância da intersecção entre arte e política, e o processo de organização da classe trabalhadora. O lançamento faz parte do Clube do Livro, iniciativa da editora que possibilita que os leitores se associem e recebam, todo mês, um novo lançamento.
Conversamos com Douglas Estevam, do coletivo de cultura do MST, que nos falou um pouco sobre a escolha e a trajetória deste grande intelectual.
Confira:
Como foi o processo de escolha e produção para essa coletânea?
O processo de produção do material se deu através de um logo debate acerca da obra do autor e de sua contribuição para educação. Anatoli Lunatchárski foi um comissário do povo quando o assunto é educação e cultura. Então, nós do MST, após longas conversas e debates no coletivo de cultura resolvemos investir na publicação destes textos. Embora ele tenha produzido muito ao longo de sua vida, no Brasil ainda não existia traduzida nenhuma de suas publicações. Além disso, como 2018 foi o ano do centenário da Revolução Russa, achamos que esse seria o momento perfeito para a publicação.
Qual o papel de Lunatchárski ao atrelar arte, cultura e revolução?
Ele foi um dos impulsonadores de uma articulação organica entre arte cultura. Um dramaturgo que estimulou a produção teatral no processo revolucionário. Dentro do Partido Comunista foi um dos principais reponsáveis pela classe trabalhadora ser sujeita de sua própria produção cultural. Isso se traduz, por exemplo, quando Lunatchárski se torna um dos fundadores do proletkult, que é a abreviatura da expressão russa ‘proletarskaya kultura’, que significa literalmente ‘cultura proletária’.
E o que ele queria nos dizer com isso?
O socialismo não era tido só como um projeto econômico ou de sociedade, mas, como projeto cultural. No livro, que é dividido em três partes – literatura, cinema e teatro – falamos um pouco sobre a sua contribuição para o teatro com uma produção extremamente rica e que influenciou toda a produção do século 20. Em período histórico com alto nível de analfabetismo, Lunatchárski transformou os palcos armas revolucionárias. Ele não separava a atividade artística das atividades de propaganda e agitação, que depois viemos a chamar de agitprop. Em sua tragetória como integrante do Conselho Militar Revolucionário da República Russa ajudou a planejar as ações culturais e educacionais do Exército Vermelho. Com sei jeito de fazer e falar sobre arte e cultura, Lunatchárski está na gama de escritores que se tornaram referência para o processo revolucionário soviático e para as gerações posteriores.