MST planeja próxima safra de arroz orgânico
Por Catiana Medeiros
Da Página do MST
Referência na produção de orgânicos no Brasil, o MST realizou nesta quarta-feira (30), no Rio Grande do Sul, o 17º Seminário Estadual do Grupo Gestor do Arroz Agroecológico para avaliar a última produção do alimento e projetar a próxima safra. O evento reuniu aproximadamente 60 camponeses na sede da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap), localizada no Assentamento Integração Gaúcha, em Eldorado do Sul, a cerca de 15 quilômetros da Capital.
Os assentados destacaram as dificuldades que tiveram neste último ano em função de intempéries climáticas, como enchentes, vendavais e queda de granizos, que danificaram cerca de 1 mil hectares de lavoura de arroz orgânico, principalmente nas regiões Metropolitana e Campanha.
Os prejuízos, segundo o assentado Emerson Giacomelli, da coordenação do Grupo Gestor, ainda não foram totalmente superados. “Muitas lavouras se estragaram, não foram colhidas. Não podemos mais correr esse risco, por isso discutiremos a nossa adesão a seguros a partir da próxima safra”, ressalta.
As crises econômica, política e social também atingiram a cadeia produtiva, o que resultou na baixa do preço para os assentados venderem o produto ao mercado. Diante dessa realidade, conforme Giacomelli, o desafio das 460 famílias do Grupo Gestor é “fazer o tema de casa”.
“Temos que ser cada vez mais profissionais no que fazemos. A conjuntura está difícil, mas não é por isso que vamos desistir da atividade. Nossa tarefa é fazer o manejo técnico, cuidar das sementes e dos nossos equipamentos, além de planejar os próximos quatro ou cinco anos”, aponta.
Neste sentido, a aposta está em estratégias para avançar na organização, no desenvolvimento e na consolidação da produção de arroz orgânico nos assentamentos. Isso se dará por meio de pesquisas e capacitação em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).
O objetivo é melhorar a qualidade do alimento, reorganizar os processos produtivos e a gestão agrícola. “Queremos que produtores tenham mais conhecimento e trocas de experiências para melhorar a qualidade. São medidas estruturantes para nos consolidarmos ainda mais na atividade”, afirma Celso Alves, que também integra a coordenação do Grupo Gestor.
Safra 2018-2019
De acordo com Alves, por meio da produção orgânica de arroz do MST, o campo e a cidade saem ganhando. “É uma cadeia produtiva muito importante, porque temos famílias inseridas no processo que cuidam dos recursos naturais e oferecem um alimento saudável e de qualidade para a população. É uma atividade geradora de renda e não excludente conforme o sistema convencional”, comenta.
Para a próxima safra, a meta das famílias é colher pelo menos 320 mil sacas de grãos de arroz orgânico, numa área de cerca de 3,3 mil hectares e em 16 assentamentos situados em 13 municípios das regiões Metropolitana de Porto Alegre, Carbonífera, Campanha e Fronteira Oeste. Já a estimativa para sementes é colher 12 mil sacas em 110 hectares.
*Editado por Wesley Lima