O povo brasileiro tem vocação democrática, antiditatorial e antifascista
Por Jaime Amorim*
Nosso povo já deu demonstração histórica de sua vocação democrática e antifascista. Lutamos contra a ditadura, mobilizamos pela anistia, lutamos por diretas já em 1984, fomos às ruas pela convocação da constituinte, resistimos às privatizações neoliberais, voltamos às ruas contra o golpe e pela liberdade de Lula. Agora estamos sendo convocados para impedir a eleições de um fascista, antidemocrático, que com mentiras espalhadas através das redes sociais está contaminando a sociedade com ódio contra a esquerda, negros, pobres, mulheres, homossexuais, nordestinos, Sem Terras, índios, quilombolas, ambientalistas e todo tipo de lutadores, lutadoras e ativistas.
As características principais do comportamento fascista são a intolerância, o preconceito e a violência contra os que pensam contrário ao doutrinamento que eles pregam. Os fascistas não suportam viver e conviver no mesmo espaço com os diferentes. A fala do General Mourão, candidato a vice de Bolsonaro, imputando o atraso do Brasil à “malandragem” dos negros e à “preguiça” dos índios, uma interpretação antropológica da nossa história que é aceita por grande parte dos formadores de opinião das elites, que repassam isso para o povo em forma de piada ou dito popular.
O fascista busca formas de fazer política, propondo sempre a violência contra os inimigos. Nos discursos, os inimigos são bandidos, corruptos, adversários políticos. Mas, escondem por trás das falas e discursos o programa de favorecimento ao capital, aos grandes empresários, aos mais ricos, e o preconceito contra os trabalhadores. Aqui no Brasil, eles propõem acabar com direitos trabalhistas para diminuir custos para o capital, retirar vantagens de férias e décimo terceiro, diminuir as ações do Estado em saúde e educação, acabar com ministérios que tratam das questões sociais, acabar com políticas públicas que são determinantes para compensar as classes e regiões mais pobres ou menos favorecidas.
Há uma grande anestesia por parte da população, que está insatisfeita com o modelo atual e não consegue enxergar a face violenta da proposta que o candidato com viés fascista apresenta. O Antipetismo poderia ser compreendido como parte da população que tem críticas aos governos do PT, principalmente pelo partido não ter realizado ações necessárias para o fortalecimento e consolidação da democracia, por não terem melhorado ainda mais a distribuição da renda, ou por ter perdido um momento histórico para realizar as reformas importantes e determinantes para o desenvolvimento político, econômico, social e cultural do Brasil, como reforma política, reforma tributária, reforma do poder judiciário, democratização da mídia, reforma agrária e reforma urbana.
No entanto, o que os fascistas estão propondo é justamente o contrário, é tipificar como criminosos quem luta por esses direitos e reformas. Eles, os fascistas, querem favorecer a venda de terras brasileiras a estrangeiros e fazer reformas como a da previdência, que vai retirar direitos dos trabalhadores e aposentados e aprovar uma nova lei que permitirá privatizar todas as empresas estatais e vender nossas riquezas às empresas estrangeiras.
O ódio e o antipetismo que eles espalharam entre a população, não são de oposição às ações que os governos do PT deixaram de realizar, mas o ódio de classe, justamente contra aquilo que melhor foi realizado pelos governos do PT, mas que, por preconceito e intolerância, não conseguem perceber os avanços e melhoras do Brasil. O antipetismo tem origem no dia em que os filhos e filhas dos empregados passaram a estudar na mesma universidade que os filhos do patrão, que negros, camponeses e pobres passaram a frequentar os mesmo espaços que filhos da classe média. O discurso “antissistema”, contra a corrupção e à “má gestão” do governo tem como objetivo ganhar apoio da população para uma ação contra ela mesma. É como o ditado do boi indo feliz para o matadouro.
Não podemos permitir que uma minoria fascista, aliada a uma minoria intolerante, filhos da burguesia (de todas as cidades do país) com viés fascista, que apoiam os fascista inclusive financeiramente e estruturalmente, contamine a maioria do povo brasileiros, que estão descontentes com a crise que vivemos e com a atual forma de fazer política, oportunizando-se do descontentamento de boa fé do povo para difundir ideias e propostas reacionárias, antidemocráticas, de ódio ao diferente e dos que pensam diferentes. Bolsonaro, com seu estilo antipático, revoltado, psicopata e descontrolado emocionalmente, representa esta minoria com víeis intolerante, conservador e fascista, que eles chamam de mito. Só consegue viver em grupo se ele for o que manda. Os outros não podem discordar, só obedecer. São características de um ditador. Se apresentar qualquer divergência, um membro do grupo é tratado como inimigo e inimigo tem que ser tratado com ódio, prisão, tortura e morte. Temos poucos dias para esclarecer a população do que está em jogo nesta eleição. Defender a democracia e ir contra qualquer corrente ou falsas lideranças, que com mentiras (Fake news) e calúnias tentam enganar o povo. Mais uma vez a “Verdade vencerá a mentira e o Amor vencerá o ódio.
EU ESTOU COM ELE, ESTOU COM ELA, ESTOU COM LULA HADDAD E MANUELA!
*Jaime Amorim integra a coordenação nacional do MST e representa a Via Campesina no Brasil.
**Editado por Marcos Barbosa do Brasil de Fato.