Mulheres Sem Terra da região Sul participam de intercâmbio
Por Maiara Rauber
Da Página do MST
As mulheres estão ocupando todos os espaços, e no Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) não é diferente. Assentadas e acampadas do Paraná, Santa Cataria e Rio Grande do Sul participaram do 1º Intercâmbio de Mulheres da região Sul, em Porto Alegre (RS).
O roteiro de três dias (entre 29 e 31 de maio) incluiu visitação a cooperativas, feiras, padarias, grupos gestores, hortas e conhecimento da cadeia produtiva de alguns assentamentos. Como complemento foram realizados espaços de estudo sobre a Reforma Agrária Popular, patriarcado, certificação orgânica e a participação da mulher no MST.
“O objetivo principal do intercâmbio acontece no conhecer as experiências organizativas e produtivas do Rio Grande do Sul”, aponta Márcia Marcon, uma das organizadoras do evento, que levou o nome “Mulheres em Luta Semeando Resistência”. Marcia destacou também que o grupo de mulheres veio com um olhar mais direcionado, buscando uma participação mais efetiva tanto no âmbito organizativo, quanto no produtivo nos seus espaços.
A partir de suas vivência, as mulheres que participaram do intercâmbio puderam levar as experiências de produção e organizações para os seus estados. Para a gaúcha Juliana Silva de Vargas, do Assentamento Conquista da Luta, em Itacurubi, esse intercâmbio possibilitou visualizar experiências que já existem dentro do Movimento e que deram certo.
“Essa troca de experiência entre os estados é muito importante. São ideias que a gente pode ter para organizar as nossas produções lá em nossos assentamentos, com as que já estão concretas. Então a gente fica muito feliz por ver que dá certo”, afirmou Juliana, que conquistou seu lote há pouco tempo. A Sem Terra reforçou que a troca de conhecimento é uma forma de potencializar os diversos espaços em que as mulheres estão inseridas no Movimento.
A catarinense Iraci Rodrigues de Lara veio do Assentamento Manuel Alves de Ribeiro, do município de Irineópolis, para participar do intercâmbio das mulheres. Integrante do MST há 30 anos, a Sem Terra sempre trabalhou com agroecologia e, junto com seu companheiro, é hoje guardiã de sementes crioulas.
“Este intercâmbio é pra nós uma riqueza tão imensa que a gente não tem dimensão do quanto as mulheres podem e são capazes”. Para ela, o encontro foi maravilhoso. “Nós estamos juntas buscando novos conhecimentos, novas experiências e construindo um processo de vida. Que é vida para a humanidade, que é vida para o planeta” finaliza a assentada.
Zeneide Veber do Nascimento é assentada na região Centro-Oeste do Paraná, no Assentamento Egídio Brunetto, em Rio Branco do Ivaí, e também dá destaque para a importância deste intercâmbio. “Foi uma experiência muito grande pra nós, estar levando isso para os nossos espaços, os nossos acampamentos, assentamentos, nas nossas bases. Conhecemos as cooperativas, conhecemos o todo, mas não tínhamos noção do que era isso, porque cada estado tem o seu diferencial” destaca Zeneide.
“Nos surpreendemos, saímos daqui com uma bagagem. Essa troca de experiência nos possibilita ter elementos e dizer que é possível desenvolver experiências nas nossas regiões, nos possibilita entender o contexto geral da agroecologia” ressaltou Márcia. De acordo com a assentada, a partir dessa experiência, as mulheres estão propondo que aconteça novos intercâmbios na parte organizativa e na certificação de alimentos orgânicos.
*Editado por Fernanda Alcântara