Protesto em Juazeiro (BA) traz pauta sobre mercado de trabalho e direito à terra

Cerca 650 famílias do Movimento do Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupam desde 2012 áreas que antes eram improdutivas
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Mais de 1.800  trabalhadoras e trabalhadores do norte da Bahia saíram em marcha nas ruas de Juazeiro na luta pelo debate sobre o trabalho e o direito à terra. Fotos: Coletivo de comunicação do MST na Bahia

 

Por Coletivo de comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST

 

Na manhã desta sexta (27), mais de 1.800  trabalhadoras e trabalhadores do norte da Bahia saíram em marcha nas ruas de Juazeiro (BA) em direção à Câmara dos Vereadores para uma Audiência Pública. Durante esse percurso, mulheres, homens, jovens e crianças  denunciaram a maneira absurda com que o Estado brasileiro vem tratando os trabalhadores. 

“Hoje foi um momento de grande importância pra nós trabalhadores do MST. Mostramos para a  sociedade a nossa organização, nossa produção e as parcerias que temos na luta pela terra e pelo social”, afirmou Nadja  Gomes, da direção estadual do MST.

Segundo Nadja, a perspectiva é resistir. “Continuamos produzindo e fortalecendo a agricultura familiar que abastece a mesa da sociedade com produtos de qualidade. Através da nossa resistência, fortalecemos as famílias e o MST na regional, na Bahia e no Brasil.” reiterou.

“Não aos despejos dos acampamentos Abril Vermelho, Iranir de Souza, Irmã Dorathy e Palmares” foram as palavras de ordem das companheiras e companheiros que seguiam em marcha. 

Foram distribuídos alimentos para as famílias da cidade de Juazeiro oriundos de áreas que estão com  as liminares de despejo. A ideia era mostrar à sociedade que cada família que mora nestas áreas estão cumprindo o papel social  da terra de produzir alimentos, cultivar, criar, cuidar e gerar trabalho e renda.  

As famílias Sem Terra produzem alimentos para região e geram mais de 2.000 empregos diretos e indiretos, com uma  diversidade  de cultivos entre eles acerola, melancia, manga, goiaba, caju, pinha, melão, feijão, milho, banana, mamão, cebola, coco, uva e hortaliças, além da criação de caprinos e ovinos, construindo assim a soberania alimentar  pelas mãos e suor das  650 famílias que vivem nestas áreas. 

Estiveram presentes diversos setores da sociedade e parceiros, que se solidarizam com a situação de despejo das famílias . Eles apoiam a luta dos trabalhadores e das trabalhadoras Sem Terras e principalmente a Agroecologia.

Lideranças  da direção nacional do MST,  representantes da igreja católica, da Comissão Pastoral da terra (CPT), vereadores dos municípios da região, secretários municipais, presidente da Câmara Municipal de Juazeiro,  deputados estaduais, além do Deputado Federal Valmir Assunção, que reafirmou mais uma vez a necessidade da resistência para a classe trabalhadora nesta atual conjuntura social. 

O prefeito municipal de Juazeiro, Paulo Bonfim, se dispôs a contribuir para uma solução viável para as famílias que ocupam estas áreas.

Para ele, trabalhadores  e trabalhadoras lutam pela democratização do acesso à terra “pela realização de uma reforma agrária justa, pela construção de uma sociedade igualitária para todos e todas, e denunciam toda e qualquer forma de injustiça, perseguição e opressão às famílias acampadas nas áreas dos perímetros irrigados”, concluiu.