“Comer é um ato político”, diz Bela Gil em debate da Expressão Popular

Apresentadora alertou sobre os prejuízos da industrialização da agricultura e do envenenamento da terra
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Bela Gil, Larissa Bombardi e José Maria Tardin participam de debate da Expressão Popular / Foto: Pamela Oliveira

Por Redação
Do Jornal Brasil de Fato

“A democratização da alimentação saudável só vai se dar com a democratização do acesso à terra e com a igualdade de classe, raça e gênero”, afirmou a apresentadora e chef de cozinha especializada em culinária natural Bela Gil.

Ela participou do debate “Agroecologia e alimentação saudável”, que compôs a programação da Ação Literária da editora Expressão Popular, neste domingo (13), em São Paulo (SP).

Bela comentou o processo de envenenamento da terra e a industrialização da agricultura, que faz com que a diversidade da dieta seja reduzida, porque a monocultura exaure o solo e fornece menos alternativas para as pessoas. “Comer é um ato político. Mas só se torna um ato político quando temos a oportunidade de escolha”, afirmou.

A questão é tão fundamental que, para ela, “cozinhar é um ato revolucionário e de resistência”, porque quem cozinha resiste à indústria farmacêutica e à indústria dos ultraprocessados. 

Bela ressaltou a importância do diálogo e da construção de um caminho com a participação da sociedade, para que as pessoas voltem a cozinhar mais, mas que o peso não fique sobre as mulheres: “Precisamos dividir e compartilhar esse ato entre todos. Cozinhar não deve ser um ato de uma pessoa só, deve ser compartilhado com a sociedade inteira”.

Falar de alimentação é discutir o capitalismo

O debate foi realizado em homenagem à pioneira da agroecologia no Brasil, Ana Maria Primavesi, e teve também a participação da doutora em Geografia e professora da Universidade de São Paulo (USP) Larissa Bombardi e de José Maria Tardin, da Frente Nacional de Agroecologia do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Bombardi apontou a necessidade de falar em um outro projeto de sociedade. “Estamos em um momento de desenvolvimento do capitalismo em que ele tomou conta da agricultura”, alertou. Isso acontece porque os donos dos meios de produção se apropriam das terras e exploram os trabalhadores e trabalhadoras, controlando todas as etapas da produção.

A pesquisadora apontou o protagonismo das mulheres na resistência pela agroecologia e seu papel na transformação da sociedade e chamou os homens a participarem também desse processo. “Cada uma de nós e de nós todos somos portadores dessa luta. A soberania começa pela boca”, concluiu.

Ação Literária

Iniciada na última segunda-feira (7), a Ação Literária da Expressão Popular conta com mais de 70 atividade em 17 estados brasileiros, e vai até domingo (13), no Armazém do Campo, que fica na Alameda Eduardo Prado, 499 – Campos Elíseos, São Paulo (SP).

*Edição Cris Rodrigues