Para povos do campo, favorecimento do agronegócio impede Reforma Agrária

Por Gisele Barbieri
Fonte Agência Notícias do Planalto

Os problemas pela falta de uma Reforma Agrária bem definida no país e a avaliação dos avanços vividos pela população rural no atual governo são alguns dos temas em discussão no “Encontro Nacional dos Povos do Campo”. O evento começou neste domingo (23), em Brasília, e conta com a participação de representantes de diversos povos como quilombolas, indígenas, seringueiros, pequenos agricultores e Sem Terra.

A avaliação dos principais problemas é consenso. O favorecimento do agronegócio que estimula práticas como a da monocultura, é um dos fatores que não permitiram o avanço da Reforma Agrária no país. “Na nossa avaliação a Reforma Agrária não avançou nesses quatros anos principalmente por conta da política de continuidade que o governo Lula desenvolveu. Esta prática está representada por uma política de superávit primário, de altas taxas de juros de grande incentivo às exportações. Isso fortaleceu o agronegócio que cresceu no país, junto com a questão do monocultivo do eucalipto, da cana e da soja, que provocou o aumento na concentração da terra, estimulando a volta do êxodo rural”, afirmou Marina Santos, integrante da Coordenação Nacional do MST.

Para o representante da Comissão Pastoral da Terra (CPT), José Batista, “enfrentamento ao latifúndio ainda é um dos grandes desafios dos sucessivos Governos”. Segundo o professor titular de Geografia Agrária da Universidade de São Paulo (USP), Ariovaldo Umbelino de Oliveira, existem mais de 170 mil hectares de terras devolutas, que, de acordo com a Constituição, teriam que ser destinadas para fins de Reforma Agrária.

O Encontro Nacional dos Povos do Campo, organizado por movimentos sociais, termina nesta terça-feira (25), quando será divulgado um documento final.