A ofensiva das elites para evitar mudanças

As recentes ocupações em diferentes cidades brasileiras de prédios urbanos desocupados e de um terreno da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP), chamou a atenção da sociedade para a questão da falta de moradia em nosso país. No campo, a existência de mais de 100 mil famílias acampadas desde o governo FHC e a expectativa gerada pela vitória eleitoral de Lula também motivaram mobilizações e novos acampamentos de famílias de sem terra. O funcionalismo público, duramente penalizado durante oito anos do governo tucano, promoveu inúmeras manifestações populares contra a reforma da Previdência Social que está sendo discutida no Congresso.

Bastou a ocorrência dessas mobilizações para que a burguesia brasileira mostrasse, com toda a ênfase, a sua resistência a qualquer tipo de mudança em nosso país. A elite procurou criar um clima de caos social. Alguns chegaram a dizer que o país estava vivendo um clima de efervescência política semelhante ao que precedeu o golpe militar em 1964. Raciocínio típico de uma burguesia anti-democrática, antinacional e anti-social, como já alertava Florestan Fernandes.

É do interesse da burguesia alimentar esse clima de caos social, com objetivos de imobilizar o governo, criar possíveis divergências entre os que lutam pela transformação social e, principalmente, criminalizar os movimentos sociais. Na retórica das elites, as mobilizações populares são responsáveis pela existência da violência social e não vítimas delas.

Parcelas do Poder Judiciário e alguns governadores, com fortes vínculos com o latifúndio (vide o esdrúxulo caso de São Gabriel – RS), trataram de cumprir sua parte, efetuando prisões de lideranças dos trabalhadores e revertendo processos de desapropriações de latifúndios, mostrando total inoperância frente aos fazendeiros armados e aos assassinatos de trabalhadores rurais.

As grandes redes de comunicação trataram de amplificar ainda mais esse discurso conservador das elites, transformando-se em seus verdadeiros partidos ideológicos, substituindo os partidos que ficaram politicamente enfraquecidos com o fracasso do modelo neoliberal. Essa postura não apenas desmascarou a prática de combate aos movimentos sociais, mas também evidenciou sua estreita ligação com o latifúndio.

Felizmente, há a reação dos brasileiros frente a esse conservadorismo das elites e de setores da imprensa brasileira. As entidades da sociedade, personalidades, religiosos, políticos, intelectuais, lideranças sindicais e populares manifestaram a importância dos movimentos sociais na consolidação da democracia e na luta por justiça social. Mais ainda, defendem a legitimidade das organizações populares em pressionar o governo, tanto para o atendimento de suas reivindicações quanto para contrapor a pressão que as elites fazem sobre o governo para conservar seus privilégios.

Cabe aos movimentos sociais e populares aumentar ainda mais o nível de organização e consciência política. As demandas sociais, as necessidades da população brasileira, agravadas com uma década de neoliberalismo, exigem mudanças radicais na política econômica com o objetivo de garantir trabalho, terra, moradia, escola e condições dignas de vida. Essas conquistas serão resultantes das mobilizações dos movimentos organizados que almejam a construção de um país socialmente justo e democrático. Jamais será uma concessão das elites conservadoras. Somente teremos um governo progressista e de mudanças sociais, atendendo a vontade da população brasileira manifestada nas eleições de 2002, se tivermos um movimento social atuante.

Breves

LIBERDADE AOS PRESOS POLÍTICOS

Desde o dia 11 de julho de 2003 os militantes do MST Felinto Procópio, conhecido como Mineirinho, e José Rainha estão presos no município de Presidente Venceslau. A prisão é política. Está claro que o juiz Átis de Araújo Oliveira decretou a prisão simplesmente porque eles são militantes do MST.A prisão é ilegal e estamos aguardando uma decisão do Superior Tribunal de Justiça para que eles possam responder o processo em liberdade.

Solicitamos a todos que enviem mensagens ao JST pedindo a liberdade dos trabalhadores.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ
Presidente Ministro Nilson Naves
SAFS – Quadra 06 – Lote 01 – Trecho III
CEP 70095-900 – Brasília – DF – Brasil
Fax 51 61 319 8193 – [email protected]

Dono de latifúndio é parente de juíza

O proprietário da área de 13 mil hectares em São Grabriel, cuja desapropriação foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal, Alfredo Southall, confirmou à Rádio Bandeirantes o parentesco de sua esposa, Maria da Graça Palmeiro da Fontoura Southal, com a ministra Ellen Gracie Nortfleet, que
acatou mandato de segurança contestando o processo de vistoria realizada pelo INCRA. A denúncia de existência de parentesco entre a ministra do STF e os proprietários das terras em litígio foi apresentada no dia 20 pelo deputado Frei Sérgio Gorgen.

Convide um amigo a ler o MST Informa

Com o objetivo de divulgar ainda mais o MST Informa, fazendo com que mais pessoas possam conhecer a luta pela Reforma Agrária sob a ótica dos trabalhadores rurais, iniciamos uma campanha de assinaturas. Para isso, basta nos enviar, com a autorização devida, o endereço eletrônico de seus amigos! Faça a sua parte na luta por um Brasil sem latifúndio.

Cartas

Parabéns companheiros pelo trabalho realizado via internet. Cada dia que passa, me solidarizo cada vez mais com a luta dos sem terra, inclusive visto sempre minha camiseta e boné e freqüento os mais diversos lugares com muito orgulho. Vamos à luta companheiros! Miguel Ângelo Martins. [email protected]

A luta do MST representa a sobrevivência de um povo e necessita ser intensificada utilizando modernos meios, como o correio eletrônico. Será a tecnologia a serviço de uma causa social de extrema importância. Não podemos vacilar se desejamos encontrar um pedacinho de terra para cada cidadão que procura um meio de vida honesto. Marcos Pinto [email protected]

Companheiros, fico feliz de receber informações do MST, visto que eu e a companheira Alcidema, onde quer que estejamos, levamos o nossa prática libertadora aprendida com vocês. Carla [email protected]