Entidades denunciam violência contra a comunidade indígena Kaiowá Guarani
De acordo com relatório elaborado depois da visita realizada pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) à terra indígena Taquaperi, no dia 20 de janeiro de 2007, milícias armadas por fazendeiros vêm barbarizando a comunidade Kaiowá Guarani de Coronel Sapucaia (MS), Terra Indígena Kurussu Ambá.
Consta no relatório que no dia 9 de janeiro, as milícias assassinaram Xuretê Julita Lopes, desapareceram com Anatalino, de 14 anos, e feriram Valdecir Ximenes, com três tiros. Desde que foram despejados de suas terras por fazendeiros da região, cerca de 36 famílias indígenas permanecem acampados à beira da rodovia MS-289 em condições precárias.
Outros quatro indígenas que participaram da retomada da terra tradicional de seu povo foram presos no dia 8 de janeiro acusados de furto de um trator e de estelionato. O suposto crime, após a oitiva dos indígenas, evidencia-se como uma grande “armação”, que tem por finalidade a criminalização de lideranças e desmantelamento da retomada, visto que os mesmos lideravam o movimento de reconquista de suas terras.
Entidades ligadas a CMS pretendem agora encaminhar o relatório, com depoimentos de representantes das entidades e dos indígenas, aos órgão competentes a fim de garantir a imediata responsabilização das pessoas envolvidas com o ato de violência contra os indígenas, sobretudo, nos casos de assassinato e tentativa de assassinato. Além disso, as entidades exigem do Governo Federal a imediata demarcação daquela área.
Além disso, os Kaiowá Guarani denunciam que a versão dos indígenas, do que realmente ocorreu na prisão das lideranças, jamais foi publicada pela imprensa, somente sendo colocada uma versão intencionalmente manipulada pelos fazendeiros da região, onde afirmam que os indígenas fizeram reféns durante a retomada.
Segundo o relatório a situação dos povos Kaiowá Guarani do Mato Grosso do Sul é calamitosa em todos os sentidos possíveis, principalmente no que tange a garantia de sobrevivência dos indígenas. Os relatos de violência, a situação de miséria, ocasionada pela falta de terra para poderem produzir alimentos para a comunidade, e o racismo enraizado na sociedade não-indígena da região, projeta um futuro de incertezas para essa população, num verdadeiro quadro de genocídio que se torna percebível ser bem arquitetado pelas elites detentoras do poder político e econômico local.
Solidariedade
Manifestando a sua preocupação em relação à violência contra o povo indígena Kaiowá Guarani, as entidades iniciaram no último dia 27 de janeiro uma Campanha de Solidariedade e Arrecadação de Alimentos, Roupas e Utensílios Domésticos, reunindo todos aqueles que buscam a justiça e fraternidade, desde a população local, regional, nacional e internacional. Todos estão sendo convocados por este apelo para pôr fim à violência sistemática e generalizada contra o povo Guarani Kaiowá.
Amanhã, dia 8, será realizada a entrega das doações coletadas pelas entidades, para qual a CMS está convidando todas as organizações dos movimentos sociais. A comitiva sairá de Campo Grande, às 8 horas, durante um ato na sede da CUT-MS. No mesmo dia será entregue documento a autoridades do Estado, exigindo justiça e demarcação das terras indígenas, urgente.