Entidades contestam números da Reforma Agrária

Por Luiz Renato Almeida
Agência Chasque

O Ministério do Desenvolvimento Agrário anunciou que mais de 381 mil famílias foram assentadas nos quatro anos de Governo Lula. Para o MST, porém, os números não se referem apenas a novos assentamentos e englobam outras ações, como regularização de assentamentos antigos.

Uma pesquisa do geógrafo Ariovaldo Umbelino de Oliveira, da Universidade de São Paulo (USP), mostra que apenas 83.359 famílias sem terra foram assentadas em áreas novas, entre janeiro de 2003 e 31 de julho de 2006. O restante foram regularizações de assentamentos antigos, reordenações e reassentamentos. Para o geógrafo, os números que o MDA divulgou em janeiro são incompletos, porque não trazem a relação completa dos beneficiários, a forma de obtenção das áreas e os dados por projeto.

Sem essas informações, fundamentais para se identificar o que realmente foi reforma agrária, o MST preferiu não se posicionar abertamente, como explica Marina Santos, da direção nacional do movimento.

“Nós estamos ainda aguardando que o MDA libere o mapa de quais estados foram feitos assentamentos, as principais regiões, quantas famílias, os principais latifúndios que foram desapropriados. Então na verdade nós estamos aguardando os dados completos do governo, para que possamos fazer uma avaliação real de quantas famílias foram de fato assentadas e os avanços que teve a reforma agrária neste período.”

No Rio Grande do Sul, o MDA anunciou que 2.434 famílias foram assentadas nos últimos quatro anos, em 16 novos projetos de assentamento. Para o MST, foram pouco mais de 700 famílias assentadas no Estado. Para Ana Hanauer, da coordenação estadual do MST, o processo de Reforma Agrária está atrasado no Rio Grande do Sul.

“O processo está atrasado. No ano passado, o Incra tinha uma meta de assentar 1070 famílias. Em famílias indo para a terra, até agora, não chegou na meta, e não vai chegar na meta, porque já virou o ano. E as famílias que conquistaram a terra no ano passado, recém estão indo para a terra. O processo de Reforma Agrária no Rio Grande do Sul está atrasado”, diz.

A confusão na divulgação dos dados da reforma agrária não é novidade. Os dados já tinham sido questionados pelos movimentos sociais em 2004, 2005 e 2006. O MST contesta o balanço da Reforma Agrária do Governo Federal, mas espera os dados completos para fazer o seu contraponto.