Depois de manifestações de movimentos do campo, avança negociação com governo de Alagoas

Depois das manifestações conjuntas dos movimentos sociais do campo, o governador de Alagoas Teotonio Vilela Filho (PSDB) anunciou a criação do Conselho da Terra, entidade que ficará encarregada das discussões permanentes sobre as questões agrárias no Estado, e prometeu criar uma agenda positiva para o desenvolvimento econômico sustentável no campo.

Ontem, dia 15, o MST foi recebido pelo governador, que anunciou a criação do órgão. O conselho será constituído por representantes dos movimentos sociais, sociedade civil e governo do Estado. Vilela prometeu que a reunião foi a primeira de uma série de encontros com movimentos sociais.

“Nós torcemos para que o governo dê certo”, disse José Roberto, integrante da direção nacional do MST em Alagoas, que destacou que o movimento está aberto ao diálogo.

Os trabalhadores Sem Terra apresentaram na reunião uma pauta que inclui a conclusão e estruturação do Centro de Formação do MST em Atalaia; construção de escolas de ensino médio nas áreas de assentamentos; instalação do Projeto Escola Itinerante e de bancos de sementes nas áreas de reforma agrária e liberação de parcelas atrasadas, além da renovação do convênio com a Secretaria de Educação. Foi reivindicada também a ampliação do Programa do Leite para atendimento aos assentamentos.

O movimento reivindicou ainda agilidade nas obras de estrutura do convênio entre Incra/Seinfra, eletrificação rural nas casas de farinha e liberação de recursos para a capacitação dos trabalhadores na produção agrícola (Pronaf/Seagri) e mapeamento fundiário.

O MST solicitou também do governador a prisão de mandantes e executores de crimes cometidos contra trabalhadores e lideranças rurais, em especial do caso Jaelson Melquíades, ocorrido em 2005.

Diante das demandas apresentadas pela comissão, além da criação do Conselho da Terra, o governador criou o Grupo Executivo de Reforma Agrária, que se responsabilizará em avaliar os pontos apresentados na reunião e estabelecer uma interação com os programas sociais existentes.

Duas semanas de manifestações

Desde o dia 5 de fevereiro, mais de 2.000 trabalhadores rurais do MST, MLST e MTL estavam acampados na Praça Floriano Peixoto, próximo ao Palácio do Governo, em Maceió. Além das pautas próprias de reivindicação, os trabalhadores rurais também aproveitaram para prestar solidariedade à greve dos servidores públicos de Alagoas, que já estavam paralisados há quase um mês.

O Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas (Sinteal) reivindica que o governador de Alagoas respeite os 100% da isonomia da categoria, direito conquistado no governo anterior.

No dia 6 de fevereiro o Movimento Unificado dos trabalhadores do campo e da cidade ocupou a Secretaria de Planejamento de Alagoas (Seplan). Além da ocupação várias manifestações foram realizadas nas ruas da cidade durante toda a semana. No dia 7 de fevereiro as manifestações reuniram mais de 3 mil pessoas, entre servidores públicos, trabalhadores rurais e estudantes.