Advogado denuncia ação da PM em Coqueiros (RS)
Luiz Renato Almeida
Agência Chasque
Cerca de 50 policiais militares, do Batalhão de Operações Especiais (BOE) de Passo Fundo, protegiam a aplicação de veneno em uma lavoura da Fazenda Guerra, no dia 12. Os Sem Terra acampados ao lado do local começaram a protestar, porque havia um acordo de que o veneno não seria aplicado nas proximidades de uma vertente de água que abastece o acampamento do MST.
A Brigada Militar entrou no acampamento, disparando balas de borracha e bombas de efeito moral, que queimaram alguns barracos e deixaram duas pessoas feridas. Munido de fotografias, cartuchos e bombas recolhidas no acampamento após o confronto, o advogado Leandro Scalabrin denuncia que a polícia entrou na área, arrendada pelo MST, sem mandado judicial, utilizou munição vencida e atirou pelas costas deixando dois agricultores feridos. Um outro acampado teve suas roupas e documentos queimados. “Além disso, me parece que viola o código de conduta da Brigada Militar o fato de terem atirado em duas pessoas, que ficaram feridas, pelas costas”, diz.
O advogado relata que foram disparadas 30 balas de borracha e dez bombas, inclusive contra barracos onde estavam crianças. Ele relata que recolheu duas bombas, que não explodiram, e diz que elas estariam vencidas. Afirma também que, em outra ocasião, a Brigada havia mediado a negociação para que o veneno não fosse aplicado perto da vertente.
“O que nos causa preocupação foi a falta de diálogo no dia. O episódio se originou no fato de que os funcionários da Fazenda Guerra estavam passando veneno, que contaminou a fonte dágua que abastece o acampamento, com conseqüência para a saúde de crianças, mulheres e idosos. No ano passado, quando tentaram fazer isso, a Brigada agiu diferente, dialogou, mediando a não-aplicação do veneno”, diz.
Para o advogado, o Batalhão tem se caracterizado por violações de direitos humanos contra as famílias acampadas na região norte do Estado. “A postura deste batalhão da Brigada Militar tem se diferenciado em relação a outros batalhões, tem praticado violações de direitos humanos na região, existindo inclusive um inquérito do Ministério Público Estadual, investigando outros fatos praticados pelo mesmo batalhão no ano passado”, afirma.
Leandro Scalabrin afirma que vai enviar as provas recolhidas ao Ministério Público Estadual, que já investiga a ação da PM durante uma desocupação da Fazenda Guerra, no ano passado. O capitão Rogério Schmidt Navarro, do comando da operação, foi procurado mas não retornou as ligações para responder a denúncia. No dia da ação, ele afirmou na imprensa que os integrantes do MST teriam arremessado pedras contra os PMs