Só política de prevenção diminuirá internações de jovens
Danilo Augusto
Radioagência NP
Nos últimos dez anos, o número de jovens internos no Brasil cresceu mais de 360%. É o que mostra uma pesquisa divulgada pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH) da Presidência da República. Em 1996 existiam pouco mais de quatro mil jovens em unidades de internação, mas no ano passado o número registrado foi de mais de 15 mil.
Conceição Paganele, presidente e fundadora da Associação de Mães e Amigos das Crianças e Adolescentes em Situação de Risco (Amar), avalia serem necessárias ações preventivas.
“Faltou o investimento nas políticas sociais de educação, profissionalização, cultura e esporte. Na falta de política pública de prevenção, sobrou a internação. Isso tudo se dá a falta de investimento nos últimos dez anos do governo na área que atinge a infância e a juventude, principalmente nos bolsões de miséria, nas Cohabs [Conjuntos Habitacionais], favelas e até mesmo nas regiões centrais.”
A Região Nordeste foi a que registrou quase 600% de aumento a maior média do país, seguida da Região Norte com pouco mais de 500%. Conceição ainda alerta que esses números só serão reduzidos quando a lei sair do papel.
“No dia em que criança e adolescente for prioridade absoluta não só na legislação, mas na prática, com certeza haverá investimento na boa educação e, ao invés desses jovens estarem com armas nas mãos e se drogando, eles estarão inseridos dentro de clubes, escolas profissionalizantes, em verdadeiras escolas de formação.”
De acordo com a presidente da Amar, um jovem infrator internado gera um custo ao Estado de quase R$ 2 mil por mês.