Procura por álcool de milho aumentará preço dos alimentos
A crescente demanda, em particular, por etanol elaborado a partir do milho, aumentará o preço dos grãos e dos alimentos – advertiu o FMI nesta quarta-feira em seu informe semestral de previsões econômicas mundiais, aconselhando os Estados Unidos e a Europa a reduzirem os subsídios e as tarifas de que gozam sua indústria de biocombustíveis.
A advertência alimenta o debate entre especialistas sobre as conseqüências do incentivo à produção de etanol e biodiesel a partir de grãos que são a base da alimentação da população do planeta e também da criação de diversos animais.
“Olhando mais adiante, a demanda crescente de biocombustíveis provavelmente aumentará os preços do milho e do óleo de soja, aproximando-os do petróleo”, destacou o FMI.
Segundo a instituição internacional, preços mais altos do milho e do óleo de soja “provavelmente também elevarão os preços dos substitutos indiretos destes produtos como o trigo e o arroz, exercendo pressões sobre os preços da carne, do leite e das aves (de granja) na medida em que aumentarão os custos de criação de animais”.
“Em pequena escala os biocombustíveis podem ser benéficos, para complementar o abastecimento de combustível tradicional, mas promover seu uso em níveis sustentáveis para a tecnologia atual é problemático”, destacou a entidade.
Na recomendação feita nesta quarta-feira aos Estados Unidos e à União Européia (UE) para que reduzam seus subsídios e as tarifas à importação de biocombustíveis, o FMI lembra que isto aproveitaria melhorar as capacidades de países com experiência no ramo, como o Brasil.
“Com a redução das tarifas, poderemos aproveitar as vantagens comparativas do Brasil neste setor”, exemplificou Charles Collyns, subdiretor do Departamento para as Américas do FMI ouvido pela imprensa nesta quarta-feira.
Em seu relatório semestral sobre as perspectivas econômicas mundiais, o FMI constatou que os projetos de substituir porcentagens do consumo energético nos Estados Unidos e na Europa por etanol e biocombustíveis nos próximos anos vão requerer maior produção de matérias-primas nestas duas regiões (essencialmente milho em território americano e trigo e beterraba no velho continente).
“Enquanto se desenvolve nova tecnologia (para tornar mais eficaz a produção de biocombustível como o etanol), uma solução mais eficiente de uma perspectiva global seria reduzir as tarifas às importações de países em desenvolvimento onde a produção de biocombustíveis é mais barata e
energeticamente mais eficiente”, argumentou o FMI em seu relatório.
O governo brasileiro vem pedindo há vários anos a redução dos subsídios e das tarifas aduaneiras à sua indústria de produção de etanol.
Fonte: AFP