MST protesta no Banco do Brasil em São Gabriel (RS)
Raquel Casiraghi
Agência Chasque
As mobilizações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pela reforma agrária prosseguiram durante a quinta-feira no Rio Grande do Sul. No município de São Gabriel, os cerca de 350 trabalhadores rurais que saíram em marcha na manhã de quarta protestaram em frente à agência do Banco do Brasil. Em comitiva, os sem terra exigiram do gerente do banco a cobrança das dívidas do proprietário da fazenda Southall, que somente com o Banco do Brasil chega a R$ 32 milhões. É o que explica Nina Tonin, da direção estadual do MST.
“Nós cobramos essas informações para que sejam anexadas no processo de desapropriação que esperamos que nos próximos dias o presidente Lula possa assinar. É uma área que pode ser expropriada logo, porque ela tem uma dívida maior do que o seu próprio valor”, afirma.
A fazenda Southall possui uma dívida de mais de R$ 48 milhões com a União e diversas irregularidades ambientais. No final de março, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) divulgou o laudo de vistoria, apontando uma série de crimes ambientais, como a destruição de 75% da Área de Proteção Permanente da fazenda. O proprietário já havia sido notificado sobre o caso em 2001, mas não tomou nenhuma providência. Os sem terra estão acampados em um parque público no centro de São Gabriel e devem continuar a marcha nos próximos dias.
Em Coqueiros do Sul, região Norte do Estado, os cerca de 700 trabalhadores que ocuparam a sede da fazenda Guerra sofreram despejo da Brigada Militar durante a noite de quarta. Bastante armados, os policiais revistaram todos os trabalhadores e recolheram equipamentos de trabalho, como roçadeiras e facões. No município de Pedro Osório, Zona Sul do Estado, a Justiça deu reintegração de posse ao proprietário da fazenda Estância Pantano, ocupada por 400 sem terra. Em Nova Santa Rita, região metropolitana de Porto Alegre, 700 pessoas permanecem acampadas na área conhecida como Granja Nenê.
As mobilizações dos sem terra no Rio Grande do Sul integram a chamada Jornada Nacional de Lutas do MST em Abril. Aqui no Estado, a organização reivindica a desapropriação das fazendas Guerra e Southall e o assentamento das 2,5 mil famílias gaúchas acampadas.