Obras de instalação da Usina de Estreito estão paradas

A Via Campesina segue a ocupação do canteiro de obras da Usina Hidrelétrica no município de Estreito, no Maranhão, em protesto contra a expulsão de camponeses e indígenas da região e denuncia os impactos ambientais da construção.

Mais de 1000 pessoas estão no acampamento montado em frente à usina, que completa uma semana nesta segunda-feira, dia 23. As obras da usina estão paradas.

A paralisação da construção vem recebendo apoio de sindicatos, estudantes universitários e secundaristas, entidades ligadas à Igreja e políticos locais. Até fazendeiros e empresários declararam solidariedade aos manifestantes.

Segundo dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a obra da usina vai prejudicar a população de 11 municípios em Tocantins e no Maranhão, provocando o deslocamento de 5.000 pessoas. Também serão atingidos os indígenas de terras situadas na bacia do rio Tocantins (Avá Canoeiro, Kraolândia, Funil, Xerente, Apinayé, Krikati e Mãe Maria).

“As famílias são retiradas de suas casas e de suas raízes e, na maioria das vezes, não são indenizadas ou reassentadas. Além disso, a energia produzida pelas barragem não vai pro povo”, afirma Cirineu da Rocha, integrante da coordenação da Via Campesina. Para os movimentos sociais, o projeto da usina só atende aos interesses das grandes empresas, inclusive transnacionais.

O consórcio para a construção da Usina Hidrelétrica de Estreito é formado pelas empresas Companhia Vale do Rio Doce; Alcoa Alumínio; BHP Billiton Metais; Camargo Corrêa Energia e Tractebel Egi South America.

A hidrelétrica tem capacidade de geração de 1.087 MW de energia e está prevista no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo Lula.

A manifestação começou na segunda-feira passada, quando foi ocupada a ponte sobre o Rio Tocantins, no município de Estreito.

Na sexta-feira, os integrantes do acampamento assistiram ao filme “Tocantins, o Rio afogado”, que foi exibido em praça pública. O filme conta as conseqüências das barragens já instaladas no rio e mostra a situação dos camponeses atingidos pelas obras.

Participam da manifestação o MST, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Pastoral da Juventude Rural (PJR), Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e povos indígenas do local.