Mais de 34 mil trabalhadores participam de greve nos transportes
Mais de 34 mil motoristas e cobradores de ônibus e metroviários da cidade de São Paulo participaram da paralisação ocorrida no final da madrugada desta segunda-feira, conforme estimativas dos sindicatos que representam ambas categorias. O movimento manteve os ônibus parados até as 6h e atrasou em cerca de duas horas a abertura das estações de metrô que, normalmente, começam a operar às 4h30.
Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), às 7h30, a cidade chegou a ter 80 km de congestionamento enquanto a média para o horário era de 46 km. Às 9h, havia 120 km de lentidão –o terceiro maior índice do ano no período da manhã– para uma média de 105 km.
O atraso dos ônibus deixou pontos e terminais superlotados. De acordo com o sindicato que representa os motoristas e cobradores, em toda a cidade, há 32 mil trabalhadores dos quais 30 mil aderiram à greve – somente os cerca de 2.000 funcionários da viação Santa Brígida não participaram do protesto.
Durante a paralisação, o sistema local de transporte – realizado por vans e microônibus – continuou operando normalmente. Segundo a SPTrans (empresa que gerencia o transporte coletivo), as vans foram autorizadas a estender seus itinerários até o centro da cidade, para minimizar o transtorno causado pela falta de ônibus.
Entre as 4h e as 6h, somente sete dos 28 terminais de ônibus da cidade ficaram abertos: Pirituba, Lapa, Casa Verde, Vila Nova Cachoeirinha, Jardim Britânia, Princesa Isabel e Amaral Gurgel, ainda segundo a SPTrans.
Entre os metroviários, todos que estavam na escala desta segunda-feira –cerca de 2.500 trabalhadores– aderiram à greve, também segundo o sindicato da categoria. Há, ao todo, 7.500 metroviários na cidade. O sindicato, porém, estima que cerca de dois terços deles estejam de folga ou ocupem cargos de comando no Metrô.
Conforme o sindicato dos metroviários, o movimento desta segunda-feira, além de atrasar a abertura de algumas estações, também postergou os trabalhos nos pátios de manutenção da empresa. Os pátios deveriam ter sido abertos às 7h, mas só abririam às 9h.
Por volta das 5h, motoristas e cobradores de ônibus e metroviários se reuniram na estação Corinthians-Itaquera da linha 3-vermelha do metrô para realizar um ato de protesto. Não há estimativas do número de pessoas que participaram da manifestação.
Diariamente, o metrô transporta quase 3 milhões de pessoas e os ônibus municipais realizam 4,5 milhões de viagens.
Reivindicação
Os motoristas e cobradores de ônibus e os metroviários afirmam que a greve é um protesto contra a possível derrubada, por parte do Congresso, do veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à emenda 3 da Super-Receita, originalmente aprovada pela Casa.
Na última quinta-feira, dia 19, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região concedeu uma liminar em favor do Metrô que exige a circulação de ao menos 80% dos trens a partir das 4h30 e de 100% nos horários de pico, das 6h às 9h e das 16h às 19h. O cumprimento da decisão será fiscalizado por um oficial de Justiça; a paralisação dos metroviários deve ser punida com uma multa de R$ 100 mil.
Emenda 3
A emenda 3 proíbe que os auditores fiscais multem e tenham poder para desfazer pessoas jurídicas quando entenderem que a relação de prestação de serviços com uma empresa é, na verdade, uma relação trabalhista. Pelo texto aprovado no Congresso Nacional, apenas a Justiça do Trabalho teria esse poder.
Os defensores da emenda dizem que sua intenção é garantir a segurança de contratos livremente negociados entre as partes. Os críticos vêem a possibilidade de fragilizar a fiscalização e favorecer que empregadores contratem sem registros em carteira.
Fonte: Folha Online