Assentados mantém mobilização em agências do Paraná
Nesta quarta-feira (25), dia do trabalhador rural cerca de 5.500 trabalhadores assentados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), continuam mobilização nacional contra o abandono da reforma agrária, em 16 municípios do Paraná, com a ocupação de agências do Banco do Brasil, prédio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Em 14 municípios do interior os assentados ocupam agências bancárias para cobrar a renegociação de dividas do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), infra-estrutura nos assentamentos para o escoamento da produção, um programa para a construção de agroindústrias e assistência técnica para as famílias assentadas.
Em Apucarana cerca de 200 trabalhadores estão, desde ontem, 24, no prédio da Conab para cobrar a liberação de cestas básicas ás famílias acampadas, atrasada há três meses. Os Sem Terra vão permanecer no local até que as reivindicações sejam atendidas.
Cerca de 100 trabalhadores do MST da região central do estado, também estão em vigília, em frente a Superitendência do Incra em Curitiba, desde a manhã de hoje, reivindicando a liberação de créditos, renegociação de dívidas, infra-estrutura para os assentamentos e liberação de recursos do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) para as escolas da Reforma Agrária, entre outros. Durante todo o dia os Sem Terra permanecem em audiência com representntes do órgão para discutir as
reivindicações.
Os trabalhadores também querem o fortalecimento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), com a criação de uma política pública de segurança para os produtos que estão em crise. Os assentados querem que o governo federal crie uma política que compre 70% da produção de cada família, daqueles produtos desvalorizados no mercado, com preço de 30% acima do custo de produção, o que é garantido por lei, mas ainda não está sendo cumprido pelo governo. Os agricultores também reivindicam a inclusão do PAA no Programa Plurianual (PPA), que inicia em 2008 e vai até 2011.
A mobilização nas agências bancárias, que vai até sexta-feira, acontece nos municípios de Manuel Ribas, Pitanga, Bituruna, Querência do Norte, Londrina, Lapa, Telemaco Borba, Tibagi, Rio Bonito do Iguaçu, Quedas do Iguaçu, Piabiru, Santa Cecília do Pavão e Palmital.
Há mais de um ano e seis meses que as 17 mil famílias assentadas do Paraná se encontram em completo estado de “abandono”, sem assistência técnica. Muitas não conseguem acessar créditos agrícolas, devido a falta de laudos técnicos e assistência para elaboração de projetos de custeio, cuja safra se inicia no próximo mês de agosto.
A Jornada de luta também é contra o descaso á agricultura camponesa no Brasil. Segundo, o integrante do Setor de Produção do MST, Jaime Coelho, enquanto o governo federal gastou R$ 2,8 bilhões na compra de soja dos grandes fazendeiros em 2006, empregou apenas R$ 300 milhões para compra da produção dos pequenos agricultores pelo PAA, em todo país, no mesmo período.
Atualmente, ainda existem no Paraná 7.000 famílias acampadas, em beiras de estradas e latifúndios improdutivos a espera da reforma agrária.