Debate da USP abre Jornada pela Educação em São Paulo

Painel realizado no prédio da faculdade de ciências sociais da Universidade de São Paulo (USP), nesta segunda-feira, dia 20, abriu as atividades da Jornada Nacional em Defesa da Educação Pública, que vai até sexta-feira, em diversos estados brasileiros.

As atividades, que vão desde debates até ocupações de escolas e universidades em todo o país, estão sendo puxadas por diversos movimentos sociais e entidades, entre os quais, o MST. Estudantes do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia já deram início à série de atividades, desencadeando ocupações e acampamentos nas universidades federais.

A abertura na capital paulista contou com as presenças do integrante da coordenação nacional do MST, João Paulo Rodrigues; e os presidentes do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Carlos Ramiro; do Sindicato Nacional dos Docentes das
Instituições de Ensino Superior (Andes), Paulo Rizzo; e da UNE, Lúcia Stumpf.

Também saudaram as atividades Edmundo Dias, integrante do Fórum das 6 (espaço de discussão que reúne sindicatos de professores e funcionários, além dos diretórios centrais de estudantes das universidades estaduais paulistas). Ronaldo Pagoto, da Assembléia Popular, e a representante da
Coordenação Nacional de Luta dos Estudantes (Conlute), Camila Lisboa.

Todos os presentes ressaltaram a importância de unir forças de diversos setores do movimento social em defesa da educação. Citando a famosa frase do sociólogo Florestan Fernandes “façamos a revolução nas salas de aula, que o povo a fará nas ruas”, Ronaldo Pagoto, afirmou “a unidade do movimento social fortalece as lutas do povo brasileiro”.

Edmundo Dias lembrou que a educação é elemento transformador da sociedade e também é direito de todos. “A qualificação da população nunca esteve nos planos de quem governou esse país. Cobrar que todos tenham acesso a esse direito é nosso dever para que possamos construir um Brasil mais justo, soberano e desenvolvido”, disse.

Desafios

Paulo Rizzo enumerou os atuais problemas da universidade pública e propôs uma reflexão. “Não faltam apenas vagas nas nossas instituições de ensino superior, faltam também políticas de permanência. Para fortalecer nossa luta precisamos ter plena consciência de que a educação é um direito de todos e que o Brasil é um país rico sim, mas que menos investe em educação”.

Assim como Rizzo, o presidente da Apeoesp, Carlos Ramiro, lembrou que é preciso combater o projeto neoliberal quem vem sendo implantado para o setor e afirmou que este é o momento para tentar reverter esse quadro. “Nós tivemos avanços, tiramos do governo a elite dominante que sempre esteve a frente deste país. Agora é o momento de exigir que nossas reivindicações, que são históricas, sejam atendidas. A verdadeira revolução se faz com educação pública de qualidade para todos”, destacou, elogiando a iniciativa da UNE e da UBES em organizar a Jornada de Lutas.

Educação não é mercadoria

Para Camila, da Conlute, essa jornada deve combater, principalmente, a mercantilização da educação e discutir o projeto de universidade alternativa “que inclua os filhos dos trabalhadores”.

Lúcia Stumpf completou o raciocínio, mostrando o dado de que hoje 70% dos universitários do país estudam em instituições privadas. “Esse percentual justifica que a nossa luta também inclua o debate sobre a regulamentação do ensino privado porque esses alunos sofrem todos os dias os ataques promovidos pelas reitorias dessas instituições que não respeitam o conjunto dos estudantes e aumentam constantemente as mensalidades sem que esse reajuste reflita um aumento na qualidade de ensino”, disse a presidente da UNE.

Reivindicações

Para João Paulo, do MST, a Jornada de Lutas conseguiu um grande feito: construir uma pauta única de reivindicações com 18 itens. “Outra questão que torna essa jornada vitoriosa é a grande participação de jovens que não estão na universidade. Esse é um elemento novo que amplia o debate e dá qualidade significativa às nossas reivindicações”, afirmou.

Sobre o ensino público, o documento aprovado por 23 entidades exige a implementação de ações afirmativas, ampliação do investimento para no mínimo 7% do PIB, autonomia, expansão de vagas e gestão democrática nas universidades e escolas. O movimento social pleiteia ainda a criação imediata do Plano Nacional de Assistência Estudantil (com recursos na faixa de R$ 200 milhões) e a implantação do Passe Livre Estudantil, financiado pelo lucro das empresas de transportes.

Para Lúcia, essa unidade representa a força e uma ampla mobilização dos setores organizados da sociedade em busca das vitórias necessárias para o Brasil. “A unidade é a nossa maior virtude para construir uma universidade onde caibam brancos, negros e índios, que seja livre de racismo, homofobia e machismo”, ressaltou.

Calendário das atividades em São Paulo

Dia 21 (terça)
16h – Debate: “Universidade e Sociedade”
Local: Largo São Francisco – Faculdade de Direito da USP

19h – Aula Pública sobre Capital Estrangeiro na Educação
Local: Universidade Anhembi Morumbi – Campus Vila Olimpia

Dia 22 (quarta)
14h – Aula pública com entidades do movimento social
Tema: “O caráter público da universidade”
Local: Largo São Francisco – Faculdade de Direito da USP

19h – Ato contra a implementação das aulas semi-presenciais / contra a mercantilização da educação
Local: Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul) – Campus São Miguel

Dia 23 (quinta)
19h – Ato na Universidade Bandeirasnte (Uniban) – Campus Campo Limpo

– Debate na USP sobre o Plebisctio Popular da Vale do Rio Doce
– Atividades na PUC-SP
– Panfletagem nas universidades da Rua Vergueiro

Dia 24 (sexta)
PASSEATA – “PARAR O CORREDOR DA VERGUEIRO EM DEFESA DA EDUCAÇÃO”

9h – Concentração em frente à Unip Paraíso (Vergueiro).
Marcha até a Praça da Sé, onde o movimento vai se incorporar ao ato da Apeoesp.

18h30 – Ato na rua Vergueiro contra a mercantilização da educação
Concentração em frente à Uninove para manifestação no “corredor Vergueiro”

Interior
Dia 22: Atos em Guarulhos, Piracicaba, Ribeirão Preto, Jundiaí, Taubaté;
atividades em Campinas (Unicamp), Presidente Prudente (Unesp), Bauru
(USP), São José do Rio Preto (Unip) e São Carlos (USP).