Marcha Popular pela Terra e pela Vida termina com grande ato em Aracruz
Após doze dias de caminhada, os 200 marchantes da Via Campesina e da Rede Alerta contra o Deserto Verde chegaram ao município de Aracruz, último ponto da Marcha, na sexta-feira, dia 12. Em Aracruz os marchantes realizaram um grande ato de debate com a sociedade local. A atividade reuniu cerca de 400 pessoas, pois também contou com a participação de estudantes e de sindicalistas vindos da Grande Vitória.
Durante toda a caminhada pelo município, debateu-se com a população local o real desenvolvimento trazido pela multinacional Aracruz Celulose e seus impactos aos povos do Espírito Santo. “Além de concentrar terras e degradar o meio ambiente, o modelo do agronegócio não gera empregos no campo, o que resulta na situação de violência e miséria que existe nas cidades hoje”, ressaltou Valmir Noventa, integrante da Via Campesina no estado.
A Marcha Popular pela Terra e pela Vida percorreu cerca de 200 km, passando pelas localidades de São Mateus, Jaguaré, Sooretama, Linhares, Jacupemba, Vila do Riacho, Barra do Riacho e Aracruz. Além disso, foram realizados debates em Guaraná, Rio Bananal e Regência. O grande objetivo da Marcha era justamente dialogar com a sociedade sobre o modelo de desenvolvimento adotado para o Espírito Santo, que causa impactos tanto no campo quanto na cidade.
Atividades
Em todas as localidades por onde a Marcha passou, foram realizados debates, principalmente em escolas de ensino fundamental e médio e de ensino superior. Os marchantes também foram acolhidos em celebrações nas Igrejas. Além disso, foram feitas exibições de filmes em praças públicas dos diversos municípios.
Em Linhares, no dia 5 de outubro, foi feita uma grande manifestação contra a renovação da concessão da Rede Globo e da Rede Gazeta, demonstrando a insatisfação dos movimentos sociais com o papel que vêm cumprindo essas emissoras de comunicação.
Também nesse dia, cerca de 20 marchantes doaram sangue no hemocentro do município, num ato de solidariedade à população local. O ato fez parte da Campanha por Democracia e Transparência nas Concessões de Rádio e TV, realizada em 15 estados.
No município de Aracruz, passando pela Vila e Barra do Riacho e pelo bairro Coqueiral, intensificou-se o debate com a população, uma vez que a fábrica da empresa encontra-se nessa região, bem como as aldeias dos povos indígenas Tupinikim e Guarani. A empresa Aracruz Celulose fez uma intensa campanha racista contra os povos indígenas nesse município, incentivando a discriminação aos índios. Justamente por isso, a Marcha se propôs a fazer o debate com a população dessa região.
A Marcha foi acolhida festivamente nas aldeias de Caieiras Velhas e de Irajá, onde houve uma grande integração com os povos indígenas, que estão em processo de finalização da demarcação de suas terras, roubadas pela empresa Aracruz Celulose. O final da Marcha ocorreu no centro de Aracruz, onde foi feita uma caminhada e uma concentração numa praça da localidade.
“A Marcha é apenas mais uma atividade de luta da Via Campesina e da Rede Alerta. Ela não termina com o final do percurso, pois é necessário fazer ainda grandes lutas e muitos debates com a população sobre esse modelo de desenvolvimento adotado no Espírito Santo”, enfatiza Valmir Noventa. Ele ainda disse que a Marcha cumpriu seu objetivo de conversar com a população do estado.