Operário assassinado pela PM durante greve de 1979 é homenageado
Há 28 anos morria o operário Santo Dias da Silva. Ele foi brutalmente assassinado durante a greve dos metalúrgicos de São Paulo em 30 de outubro de 1979, ainda durante a Ditadura Militar. O movimento dos metalúrgicos era por melhores condições de vida, dignidade e liberdade de organização para os trabalhadores. Haverá hoje, dia 30, uma manifestação em Santo Amaro (SP).
Em tempos em que é cada vez mais iminente a retirada dos direitos conquistados pela classe trabalhadora, é preciso lembrar os lutadores que deram a vida em busca do sonho da emancipação dos trabalhadores. Hoje, mais do que nunca, é preciso a união dos trabalhadores para conquistar seus direitos!
A manifestação será em frente à fábrica Silvanya na Avenida Nossa Sra. do Sabará, em Santo Amaro. Após o ato os participantes devem prosseguir em caminhada até o Cemitério Campo Grande, onde haverá uma celebração em memória de Santo Dias. O ato está marcado para às 14 horas.
História
Santo Dias da Silva, foi operário brasileiro nascido a 22 de fevereiro de 1942, na fazenda Paraíso, município de Terra Roxa, São Paulo. Seus pais, Jesus Dias da Silva e Laura Amâncio Vieira, tinham mais sete filhos, além de Santo, o primeiro braço no potencial de trabalho da família. Durante 40 anos sua família trabalhou como meeiros de diversas fazendas na mesma região.
Católico, desde a adolescência participava das atividades religiosas em sua terra natal, entre elas a Legião de Maria. A movimentação social da década de 1960 influenciou sua atitude e de muitos outros trabalhadores rurais. Entre 60 e 61, junto com outros empregados da Fazenda Guanabara, participou de um movimento por melhores condições de trabalho e salário. Por isso, sua família foi expulsa da colônia em que morava, e teve de morar na cidade, numa casa alugada.
O pais e os irmãos continuaram a trabalhar na roça, como bóia-frias. Santo resolveu procurar outras oportunidades e foi morar em Santo Amaro, na região Sul da Capital de São Paulo, área de grande concentração de indústrias. Ali, conseguiu trabalho como ajudante geral na Metal Leve, empresa de componentes metalúrgicos.
No início da década de 1960, o movimento operário lutava por aumentos salariais e pelo 13° salário. Santo participou dessas reivindicações. Em 1965, conhecedor da intervenção no sindicato de sua categoria, iniciou sua atuação no grupo que formava a Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo. Concorrendo às eleições do sindicato em 1967 pela Chapa Verde, junto com Waldemar Rossi.
A atuação de Santo Dias não se ateve ao movimento operário. Como católico praticante, era membro ativo das CEBs e dos movimentos de bairro que surgiram da ação desses grupos: lutas por transportes, escolas, melhorias nas vilas de trabalhadores. Participou das coordenações do Movimento do Custo de Vida, entre 1973 e 78, ao lado de sua mulher, Ana Maria do Carmo, liderança feminina expressiva entre os clubes de mães.
Foi muito importante no movimento de reconstrução da luta da classe trabalhadora no final da década de 70, tendo sido candidato pela Chapa de Oposição nas eleições sindicais de 1978. Teve fundamental participação na Greve de 1979, quando metalurgicos pararam Sao Paulo em reivindicação salarial de 83% aumento. Em repressão ao movimento grevista a PM invadiu em 28 de outubro deste ano as subsedes dos sindicatos, prendendo 130 pessoas do comando de greve. No dia 30 de outubro Santo Dias, foi atingido pelas costas por um policial quando tentava negoaciar a libertação dos companheiros presos.
No dia 31 de outubro, 30 mil pessoas saíram às ruas da capital para acompanhar o enterro e protestar contra a morte do líder operário, pelo livre direito de associação sindical e de greve e contra a ditadura.
Com informações do wikipedia.org