Assentamento Sepé Tiaraju opta por produção agroecológica
Do EcoDebate
Desde sua criação pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em 1999, os agricultores assentados no projeto de assentamento Sepé Tiaraju, em Campos Novos, Santa Catarina, optaram por trabalhar sua produção de uma forma alternativa à exploração tradicional. Desse modo, o assentamento, que é trabalhado de forma coletiva, está realizando experiências e propostas de agricultura orgânica e também formas não-convencionais de pecuária. Um bom exemplo é o cultivo de hortaliças, totalmente agroecológico e que hoje é comercializado semanalmente em uma feira da cidade.
Para a produção orgânica os assentados mantêm, entre outras coisas, uma produção própria de sementes das hortaliças, garantindo a auto-sustentabilidade da produção, além dos biofertilizantes utilizados nas hortas. “Quando estávamos iniciando as discussões sobre a produção no assentamento, chegamos a conclusão de que não tínhamos condições de sobreviver por meio da lavoura tradicional. Além disso, optamos por um modelo que aboliu o veneno e a depredação do meio ambiente, pensando sempre no bem-estar do ser humano”, ressalta a assentada, Zenilde Bonetti.
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Além das hortaliças, a produção de grãos, especialmente feijão e milho é também feita de forma agroecológica. Para tanto é mantido um banco de sementes crioulas, que inclusive são multiplicadas e repassadas para outros agricultores assentados no estado.
Fruticultura e preservação
A fruticultura é outra atividade explorada nesse modelo, sendo que no assentamento foram plantados mais de mil pés de goiaba, pêssego e ameixa.
Outro ponto que demonstra o respeito ao meio ambiente pelos assentados, é que o Sepé mantém todas as Áreas de Preservação Permanente (APP) intocadas e possui a Reserva Legal averbada em cartório. “Com a preservação das matas percebemos o retorno de animais como veados, tatus e lebres que antes praticamente não existiam, especialmente pelo fatos de não ter mais mata nativa e as lavouras com veneno afugentarem os animais”, afirma Zenilde.
Produção de leite
Já na criação de gado leiteiro, os assentados optaram por adotar o método Voisin, que é considerado um modo de criação mais ecológico e com maior retorno financeiro.
A tecnologia consiste em dividir a área de pastoreio em piquetes, possibilitando assim às plantas todas as condições para que possam crescer sem interrupções ou agressões, pois o gado é levado diariamente para áreas diferentes.
No Sepé uma área de pastagem perene de 23 hectares foi dividido é 103 piquetes, gerando sempre pasto de boa qualidade para o gado. Atualmente os assentados possuem um rebanho de 33 vacas leiteiras o que resulta em uma produção de mais de 300 litros de leite por dia.