Sindicatos condenam criminalização em Santa Catarina

Em nota à imprensa enviada nesta terça-feira (2/2), o movimento sindical da região de Criciúma saiu em defesa de integrantes do MST em Santa Catarina, presos arbitrariamente na última quinta-feira (28/1). No sábado (30/1), os militantes foram soltos pelo Tribunal de Justiça. Confira o documento na íntegra :

Em nota à imprensa enviada nesta terça-feira (2/2), o movimento sindical da região de Criciúma saiu em defesa de integrantes do MST em Santa Catarina, presos arbitrariamente na última quinta-feira (28/1). No sábado (30/1), os militantes foram soltos pelo Tribunal de Justiça.

Confira o documento na íntegra :

“O movimento sindical da região de Criciúma, representado por 11 sindicatos, esteve reunido nesta terça-feira (2) para discutir os absurdos que ocorreram no caso das prisões de companheiros do MST catarinense e do decreto de prisão ao companheiro criciumense Dilson Ramos. Repudiamos a ação do poder judiciário catarinense em decretar prisão preventiva aos líderes de um movimento pacífico e justo, que realiza todas as suas ações em busca de dar terra e dignidade para famílias terem o que produzir e, consequentemente, o que comer. Não sabemos ainda de onde vem a informação da polícia de que líderes do movimento recebiam dinheiro em troca de captação de pessoas para os assentamentos e desafiamos as pessoas que fizeram essa declaração a provar esse absurdo que jamais esteve entre as nossas práticas. Vale lembrar que a ditadura militar brasileira que não permitia a atuação de movimentos populares não existe mais, teoricamente, desde os anos 80.

O VERDADEIRO DILSON RAMOS

É necessário fazer justiça com o companheiro Dilson. Seu nome apareceu nos noticiários catarinenses como se fosse um guerrilheiro no sentido pejorativo da palavra. Dilson é um guerreiro, que defende os trabalhadores independentemente de categorias. Dilson lutou pela obrigatoriedade do diploma de jornalista quando o sindicato dos jornalistas (na pessoa do delegado regional Sandro De Mattia) convidou o sindicato dos mineiros para a luta; Dilson participou de todas as mobilizações para impedir o aumento abusivo das passagens de ônibus em Criciúma e lutou contra a privatização do Hospital Santa Catarina. Dilson, que na luta junto ao MST teve sua imagem maculada, é pai de seis filhos, morador do bairro São Francisco, de onde preside a associação de moradores há seis mandatos, escolhido democraticamente pela comunidade. Dílson trabalhou por mais de 20 anos no subsolo das minas de carvão, contribuindo para o crescimento econômico da cidade e ao mesmo tempo lutando pelos direitos dos trabalhadores na mineração desde os anos 80. O guerreiro Dilson é uma liderança respeitada pelos movimentos sociais e sindicais, além de ser dirigente da FAMESC e do Sindicato dos Mineiros de Criciúma. Por tudo isso não aceitamos a difamação deste bravo companheiro e sabemos que nem essa injustiça o fará abandonar a nossa incansável luta em defesa da classe trabalhadora.

VERDADES SOBRE O CASO MST EM IMBITUBA

As prisões arbitrárias cometidas em Imbituba foram, segundo a polícia, uma forma de evitar supostos crimes que seriam cometidos. Ocorre que as investigações sobre as reuniões de lideranças do MST com as comunidades começaram em dezembro de 2009 e este trabalho de visitar as comunidades informando seus direitos está sendo realizado há mais de 10 anos. A área que as famílias ocupariam para conseguir produzir e alimentar seus filhos possui 200 hectares e pertence ao Governo Federal. Essa mesma área foi cedida ao Governo do Estado para a formação de uma Zona de Processamento de Exportações (ZPE) em 1996 e desde estão está abandonada. Quem na verdade está cometendo um crime com esta área?

CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS

Por fim, o episódio de Imbituba mostra a tentativa de criminalizar o movimento dos trabalhadores sem terra perante a opinião pública. Arbitrariedades já condenadas pela Organização dos Estados Americanos (OEA) como escutas telefônicas ilegais e uso indiscriminado de algemas foram cometidas contra companheiros que dedicam sua vida à defesa da classe trabalhadora. Fica aqui nosso agradecimento aos companheiros Altair Lavratti, Marlene Borges e Rui Fernando da Silva Júnior, que foram presos e difamados enquanto lutavam por um mundo mais justo e igualitário.

Federação dos Trabalhadores da Indústria Carbonífera do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
Sindicato dos Mineiros de Criciúma
Central Única dos Trabalhadores (CUT) da Região Sul
Sindicato dos Mineiros de Siderópolis
Sindicato dos Bancários de Criciúma
Sindicato dos Comerciários de Criciúma
Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Criciúma (SISERP)
Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Química de Criciúma
Sindicato dos Metalúrgicos de Criciúma
Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da alimentação de Criciúma
Sindicato dos Ceramistas de Criciúma”