MST realiza 3° Encontro Estadual de Agentes Comunitários de Saúde em PE


Da Página do MST

O MST realiza ao longo dessa semana o 3° Encontro Estadual de Agentes Comunitários de Saúde das Áreas de Reforma Agrária, em Pernambuco. O encontro começou nesta segunda-feira (26) e vai até sexta-feira (30), no Centro de Formação Paulo Freire, no Assentamento Normandia, município de Caruaru, e reúne cerca de 100 Agentes Comunitários de Saúde que atuam nos assentamentos de todo o estado.

Da Página do MST

O MST realiza ao longo dessa semana o 3° Encontro Estadual de Agentes Comunitários de Saúde das Áreas de Reforma Agrária, em Pernambuco. O encontro começou nesta segunda-feira (26) e vai até sexta-feira (30), no Centro de Formação Paulo Freire, no Assentamento Normandia, município de Caruaru, e reúne cerca de 100 Agentes Comunitários de Saúde que atuam nos assentamentos de todo o estado.

Segundo Lenna Menezes, da Direção Estadual do Setor de Saúde do MST, o encontro tem como principal objetivo promover a saúde das famílias assentadas e a qualificação dos Agentes Comunitários de Saúde, refletindo sobre o papel educativo desses profissionais.

“O encontro tem um caráter formativo, mas também de planejamento de ações. Vamos ter momentos de formação técnica, política e metodológica desses Agentes de Saúde para que tenham uma atuação mais consistente no processo de acompanhamento das famílias assentadas, mas vamos também discutir propostas de implementação da Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta e discutir a saúde nas áreas de Reforma Agrária de um modo geral”, afirme Lenna.

Saúde é mais do que tratamento a doenças

Falar de direito e acesso à saúde é muito mais do que falar apenas do acesso ao tratamento de doenças. Significa falar do direito ao trabalho, à moradia digna, ao saneamento básico, à educação, e portanto, ao direito de lutar por todos esses direitos.

“O Setor de Saúde do MST reflete a saúde a partir de seus agentes determinantes, ou seja, o atual modelo de desenvolvimento imposto à sociedade. A falta de acesso a terra e o modelo de agricultura brasileira, baseado no monocultivo para exportação e no uso intensivo de agrotóxicos, afeta diretamente a saúde das comunidades camponesas. A Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta reconhece isso quando afirma que ‘as condições de saúde são determinadas pelas condições econômicas, sociais e ambientais em que vivem as comunidades e populações’”, diz Lenna Menezes.

De acordo com o Plano Nacional de Saúde, no campo brasileiro são encontrados os maiores índices de mortalidade infantil, de endemias, de insalubridade e de analfabetismo, ao mesmo tempo em que a falta de esgoto e de água encanada e potável é bem maior do que na zona urbana. Tudo isso caracteriza uma situação de enorme pobreza decorrente das restrições ao acesso aos bens e serviços indispensáveis à vida.

Reforma Agrária e Saúde

Numa pesquisa realizada pelo biólogo Fernando Ferreira Carneiro para sua tese de doutorado, “A saúde no campo: das políticas oficiais à experiência do MST e de famílias boias-frias”, apresentada em 2007, comprova essa relação entre saúde e relações de trabalho, produção, organização política e acesso aos serviços e políticas públicas e demonstra o impacto positivo da Reforma Agrária na saúde do trabalhador rural.

O estudo comparou as condições de saúde das famílias do MST acampadas e assentadas na região de Unaí, Minas Gerais, e dos bóias-frias que trabalham na mesma região. O resultado é que o índice de insegurança alimentar dos empregados nas grandes fazendas é quase duas vezes mais alto do que o das famílias Sem Terra acampadas, e quatro vezes maior que as assentadas na mesma região.

Enquanto que 39,5% dos trabalhadores bóias-frias apresentaram um alto índice de insegurança alimentar e estavam mais expostos aos agrotóxicos se comparados aos assentados e acampados, mais da metade das famílias do assentamento conseguia viver apenas da produção do lote e entre as famílias acampadas 22,1% conseguiam retirar seu sustento do lote.

“As famílias do MST têm maior dificuldade de acesso ao SUS (Sistema Único de Saúde), porém o fato de ser Sem Terra, estar organizado, melhora as perspectivas de sua saúde em comparação com os bóias-frias. A modernização conservadora no campo brasileiro têm agravado as condições de vida e trabalho dos bóias-frias, enquanto que a Reforma Agrária tem possibilitado uma melhor condição de vida e de saúde para as famílias, quando comparadas nas áreas estudadas”, afirma o estudo.