Sem Terra se formam na primeira turma do programa Projovem em Alagoas
Por Gustavo Marinho
Da Página do MST
Trabalhadoras e trabalhadores rurais do sertão alagoano à zona da mata se formaram na primeira turma do estado no programa Projovem Campo Saberes da Terra, na última quarta-feira (6).
O Projovem Campo Saberes da Terra é uma política do governo federal destinada à conclusão do ensino fundamental II (5º ao 9º ano), ao reunir camponeses nas quatro etapas do curso ao longo dos seus dois anos de realização.
No estado conhecido pelos altos índices de analfabetismo, a turma que levou o nome de “Liberdade e Resistência” relembrou das lutas frente ao descaso do governo com a educação no campo.
“Concluir o ensino fundamental nos deu a oportunidade para seguirmos na luta cada vez mais fortes. Muitos de nós já estavam com mais de 20 anos sem estudar, e essa conquista veio com muito enfrentamento para que se mude o histórico quadro de exploração dos trabalhadores no campo”, disse Clódio Vicente, estudante da turma.
“O curso foi garantido graças aos assentados e acampados do MST que assumiram a tarefa coletivamente e contribuíram para que chegássemos até aqui. Mostramos que quando o estado não faz, o povo faz”, afirmou o educando Antônio Silva, Toinho, durante a cerimônia de formatura realizada no Centro de Formação Zumbi dos Palmares, no Assentamento Milton Santos, no município de Atalaia.
Na região, foram muitos os Sem Terra que tombaram na luta pela Reforma Agrária. Mas por meio da organização, os camponeses dão ressaltam mais uma vez seus compromissos com o desenvolvimento do povo do campo.
“Essa turma é concebida como fruto da luta de Jaelson e de outros lutadores que tombaram na luta pela Reforma Agrária. Os poderosos que acharam que iriam nos enfraquecer estão tendo a resposta dia após dia em nossas ações, e essa formatura é mais uma delas”, discursou José Roberto, da direção nacional do MST, ao lembrar de Jaelson Melquíades, assassinado a mando dos fazendeiros da região.
Com a palavra de ordem “Raiou a liberdade, abaixo o imperialismo, segue a resistência rumo ao socialismo” os educandos e educandas reforçaram o compromisso de seguir no estudo e na luta permanente a serviço da classe trabalhadora. “As tarefas estão dadas e não podemos parar por aqui”, finalizou Toinho.