Combater a barbárie e construir o socialismo é uma das tarefas da juventude
Por Iris Pacheco
Da Página do MST
O que é ser juventude Sem Terra? Não é uma pergunta que se responda com apenas uma palavra, mas temos uma certeza: juventude é luta, é ousadia e rebeldia, é atitude e conquista, é o futuro. E como tal, é a possibilidade de mudanças, de seguir na construção coletiva por uma nova sociedade.
Foi esse processo coletivo que permitiu ao MST realizar na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema-SP, entre os dias 05 a 07 de dezembro, o Seminário Nacional da Juventude Sem Terra. O espaço teve como objetivo central ampliar reflexões sobre as dimensões e desafios do trabalho com a juventude para o conjunto do MST, além de acumular no debate sobre qual o papel estratégico dessa juventude na luta pela terra, reafirmar linhas políticas e de ações concretas e ajustes orgânicos para o Coletivo de Juventude neste próximo período.
Nesse sentido, Renata Menezes, do Coletivo de Juventude do MST em São Paulo, nos lembra que o debate sobre juventude deve ser internalizado no movimento como uma cultura política e não apenas como uma tarefa que é colocada para o coletivo.
“A organização da juventude da classe trabalhadora se coloca como importante nesse próximo período e para que a gente tenha condições de repensar e construir metodologias que deem conta do que está colocado é preciso entender que a juventude é um sujeito intersetorial, em diversos espaços dentro do MST, que constrói fortemente nosso movimento, presente na tomada de decisão, no processo de organização e da luta desde quando surgiu. O seminário é mais uma ferramenta para aprofundar os estudos sobre quem são esses sujeitos e qual é nosso papel de organização com eles”, salienta.
Seguindo a reflexão, Fred Santana, dirigente nacional do MST em Rondônia e integrante do Coletivo da Juventude, aponta a realização deste espaço de reflexões, que privilegiou a relação intersetorial, como necessário para se fazer um balanço do Coletivo de Juventude, das suas tarefas, mas sobretudo, para se pensar a juventude nesse próximo período, não somente na organicidade do coletivo, mas no movimento em geral.
“O seminário cumpriu um papel importante de demarcar a concepção do Movimento Sem Terra sobre a importância da juventude, os desafios e quais linhas políticas e de ações devemos realizar. Além de demarcar o papel que a juventude Sem Terra cumpre na luta política da juventude brasileira nesse próximo período.”
Organização e luta
Os grandes rios são formados por pequenos afluentes, que precisam de cuidado para que sigam fluindo e alimentando a grandiosidade dos rios principais. Assim é o processo coletivo da juventude Sem Terra. O princípio do estudo, do cuidado com organicidade dos coletivos nas áreas e estados, mas também em outros espaços onde a juventude está organizada é fundamental para se ter um processo nacional coeso e forte.
Assim, em tempos de crise do sistema capitalista, onde a violência e a barbárie se impõem como consequência, Renata aponta que é tarefa da juventude colocar a Reforma Agrária Popular que produz comida de verdade como um projeto a ser defendido também pela classe trabalhadora.
“Não tem Reforma Agrária se a gente não defender os nossos territórios já conquistados e conquistar novos. Isso é fazer enfrentamento da barbárie colocando um projeto de vida para a juventude e também entender o nosso papel de pensar novas metodologias, de enraizar a identidade da juventude Sem Terra, de reafirmar o nosso compromisso internacionalista, de utilizar dos nossos territórios como forma de enfrentamento e para isso a juventude precisa estar organizada”.
Outra questão central para se avançar em nosso projeto é cultivar o internacionalismo como princípio da classe trabalhadora na luta pela emancipação. Fred ressalta que “afirmar o caráter internacionalista da juventude Sem Terra é entender que a luta deve ser de caráter internacional e que nossas perspectivas com a juventude deve ir além da classe trabalhadora brasileira, mas com a solidariedade e disposição de fazer a luta internacional. O internacionalismo é uma necessidade a ser construída cotidianamente.”
Agroecologia e Reforma Agrária Popular
O que está colocado pelo agronegócio para o campo, principalmente para a juventude, é um espaço de morte. Nesse sentido, fortalecer a construção da Reforma agrária popular como acúmulo de forças e alternativa para a classe trabalhadora, pautando a prática da agroecologia como modo de organização e produção da vida, é fundamental para que a juventude não apenas permaneça no campo, mas que construa junto com o Movimento um lugar viável e bom para se viver.
Jovens mulheres, homens, LGBTs, negras/os, brancos/as, camponeses/as, educadores/as, comunicadores/as, artistas, criadores/as da ousadia. É essa a juventude que assume o compromisso de seguir avançando na construção de relações justas e igualitárias em sua diversidade: gênero, sexualidade, raça, etnia e geracional. Que aponta na luta em resistência ativa a defesa de nossos territórios e da soberania nacional popular.
*Editado por Fernanda Alcântara