“Acabou, Bolsonaro”: Panelaço mobiliza cinco regiões do país
Por Wesley Lima
Da Página do MST
Belém, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Rio de Janeiro, Alagoas, Paraná. Essas foram algumas das capitais em que a população se mobilizou de suas janelas em defesa da vida e contra a postura irresponsável do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que negligência as orientações de isolamento social apontadas por órgãos de saúde como a Organização Mundial da Saúde (OMS), no combate à pandêmica provocada pelo COVID-19.
O panelaço aconteceu nesta última terça-feira (31), durante o pronunciando de Bolsonaro na rede nacional de televisão e foi puxado pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.
Com o tema “O Brasil precisa parar Bolsonaro”, o panelaço foi ouvido nas cinco regiões do país e envolveu a população de grandes centros urbanos e periféricos através dos gritos “Acabou, Bolsonaro” e “Fora, Bolsonaro”. Além dos gritos nas janelas, frases parabenizando os profissionais da saúde e repudiando o presidente foram projetadas em grandes prédios das capitais.
Esse tipo de manifestação popular tem acontecido desde o início do isolamento social, principalmente durante os pronunciamentos oficiais da presidência. Ainda assim, o presidente minimiza os riscos da crise, utilizando como argumento as questões econômicas. Ou seja, coloca a economia do país, acima da vida dos trabalhadores e das trabalhadoras.
Divina Lopes, da coordenação nacional do MST, fala que as ações de denúncia ao governo são expressões significativas de que há um visível sentimento de insatisfação e desaprovação da população brasileira em relação ao comportamento “propositalmente desvairado” e as medidas destrutivas adotadas pelo presidente.
Ela enfatiza que esse tipo de mobilização é legitima e é uma resposta a “crise civilizatória” que todos os países do mundo vivenciam.
“A legitimidade está na expressiva revolta contra a planejada insanidade propagada pelo presidente, ao convocar o povo a retornar ao trabalho, colocando suas vidas e a do conjunto dos brasileiros em risco. Sabemos que o argumento do presidente de que precisaríamos retornar à normalidade é irreal”, enfatiza Divina.
Para a dirigente estamos vivendo em um tempo histórico de crueldades e com uma crise civilizatória que se materializa mundialmente e se aprofunda com o atual estágio da pandemia do coronavírus. “Não podemos esperar uma volta à normalidade porque ela inexiste. Talvez uma das características da COVID-19 que precisaria ser destacada é a sua capacidade de acelerar o caos social que já estava em curso”, afirma Lopes.
As políticas adotadas pelo brasileiro demonstram o descaso com a vida, a saúde e sobrevivência da população trabalhadora e uma grande preocupação em amparar os bancos e as grandes empresas. “A forma cínica com a qual o presidente mencionou a COVID-19, denominando-a como uma ‘gripezinha’, reafirma o descaso com a preocupação mundial dos chefes de Estados e representantes dos organismos de saúde […]. Por outro lado, suas medidas enérgicas para salvar os bancos e os empresários desvelou o tamanho da sua irresponsabilidade com a população brasileira, que em sua maioria o elegeu como representante da nação”, Denuncia a dirigente.
Desafios e lutas na quarentena
Divina pontua alguns desafios importantes para o período de quarentena, como a necessidade de aumentar os protestos nas janelas ou nas redes sociais, sejam com panelaços, barulhaços, faixas, twittaços ou lives. Ela recomenda ser fundamental a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), intensificar as ações de solidariedade com o conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras e apresentar urgentemente um plano de emergência para o país.
“Nesse período de quarentena precisamos intensificar nossas ações de solidariedade junto a sociedade. Solidariedade às populações de rua, aos trabalhadores e trabalhadoras precarizadas, às comunidades urbanas em situação de vulnerabilidade, às populações atingidas pelas enchentes, aos povos indígenas, quilombolas, assentados e acampados que são perversamente violentados pela ganância do capital, do agronegócio e do governo. Ou seja, fortalecer nossos vínculos com a classe trabalhadora através da partilha da solidariedade, da indignação e da esperança”, destaca.
Para Divina é possível acreditamos, juntos na construção de um “novo amanhecer, mas precisamos ser intransigentes contra as estruturas de dominação e exploração existentes na sociedade”, finaliza.
Plataforma Emergencial
Sobre a necessidade de apresentar um plano de emergência para o país, no mesmo dia do panelaço (31), as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo lançaram juntas, a Plataforma Emergencial para Enfrentamento da Pandemia do Coronavírus e da Crise Brasileira.
A Plataforma apresenta mais de 60 propostas concretas para o enfrentamento ao coronavírus e a crise que afeta o Brasil.
Lançada ao vivo, durante o programa Bom Pra Todos na TVT, a Plataforma mostra que existem saídas eficazes no combate a pandemia. Entre elas se destacam a promoção e fortalecimento da saúde pública, a garantia de emprego e renda para os trabalhadores, o direito á alimentação, a moradia digna e a reorientação da economia e dos recursos públicos.
*Editado por Solange Engelmann