Meio Ambiente
O meio ambiente não está a venda! Carta de ONGs ao governo americano
Da Página do MST
Cerca de 200 organizações não governamentais enviaram uma carta nesta terça-feira (6) ao presidente norte-americano, Joe Biden, na qual criticam negociações “a portas fechadas” com o Brasil sobre a Amazônia. A carta foi protocolada nos gabinetes do Biden, Kamala Harris e na embaixada dos EUA no Brasil, e está sendo distribuída para parlamentares dos Democratas-US e outras autoridades do governo. O texto também já circula no gabinete do John Kerry, que é quem está à frente das negociações.
Além disso, a carta aponta que negociações e acordos entre os países que não levem em conta a sociedade civil, os governos subnacionais, a academia e populações locais representam endosso ao que chamam “tragédia humanitária e ao retrocesso ambiental e civilizatório imposto por Bolsonaro”.
O documento também defende que nenhum acordo deve ser firmado com o governo do presidente Jair Bolsonaro antes que o desmatamento na Amazônia seja reduzido aos níveis determinados pela Política Nacional sobre Mudança do Clima.
CARTA DA SOCIEDADE CIVIL BRASILEIRA AO GOVERNO DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
Brasil, 6 de abril de 2021
Em 20 de janeiro, em seu discurso de posse, o presidente Joe Biden elencou como principais desafios de seu governo a luta contra a pandemia, o combate ao racismo estrutural, a mudança climática e o papel dos Estados Unidos no mundo. O país, afirmou Biden, deveria liderar não pelo exemplo da sua força, mas pela força do seu exemplo.
Tal discurso está sob teste agora, enquanto a administração Biden trava conversas com o governo de Jair Bolsonaro, do Brasil, sobre a agenda ambiental. As negociações ocorrem longe dos olhos da sociedade civil, que o presidente brasileiro já comparou a um “câncer”. O governo brasileiro comemora tais negociações, que envolveriam recursos financeiros. O presidente americano precisa escolher entre cumprir seu discurso de posse e dar recursos e prestígio político a Bolsonaro. Impossível ter ambos.
O líder extremista do Brasil justificou o putsch de 6 de janeiro nos EUA repetindo as mentiras de Donald Trump sobre fraude na eleição. Dentro de casa, ele ataca os direitos humanos e a democracia. Cooperar com tal governante seria um ato inexplicável. Bolsonaro está promovendo a destruição da floresta amazônica e outros biomas, aumentando as emissões do Brasil. Compromete o Acordo de Paris ao retroceder na ambição da meta climática brasileira. Negacionista da pandemia, transformou seu país num berçário de variantes do coronavírus, condenando à morte parte da própria população.
Sua política antiambiental desmontou órgãos de fiscalização, promoveu o enfraquecimento da legislação e incentiva invasões de territórios indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais e áreas protegidas. A presença de invasores leva ao aumento da violência e de doenças como a Covid junto aos habitantes da floresta. Recentemente, Bolsonaro foi denunciado por indígenas ao Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade.
Não é razoável esperar que as soluções para a Amazônia e seus povos venham de negociações feitas a portas fechadas com seu pior inimigo. Qualquer projeto para ajudar o Brasil deve ser construído a partir do diálogo com a sociedade civil, os governos subnacionais, a academia e, sobretudo, com as populações locais que até hoje souberam proteger a floresta e todos os bens que ela abriga. Nenhuma tratativa deve ser considerada antes da redução do desmatamento aos níveis exigidos pela legislação brasileira de clima e o fim da agenda de retrocessos encaminhada pelo governo ao Congresso Nacional. Negociar com Bolsonaro não é o mesmo que ajudar o Brasil a solucionar seus problemas atuais.
Negociações e acordos que não respeitem tais pré-requisitos representam um endosso à tragédia humanitária e ao retrocesso ambiental e civilizatório imposto por Bolsonaro. A eleição de Joe Biden representou a vontade dos Estados Unidos de estar do lado certo da história. Fazer a coisa certa pelos brasileiros seria uma grande demonstração disso.
Assinam esta carta:
COLETIVOS NACIONAIS
1. Agentes de Pastoral Negros do Brasil – APNs
2. Articulação para o Monitoramento dos Direitos Humanos no Brasil 3. Associação Brasileira de Imprensa – ABI
4. Associação dos Povos Indígenas do Brasil – Apib
5. Associação Nacional de Pós-graduandos – ANPG
6. Central Única dos Trabalhadores – CUT
7. Coalizão Negra por Direitos
8. Conselho Nacional de Seringueiros – CNS
9. Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Quilombolas – CONAq
10. Fórum da Amazônia Oriental – Faor
11. Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros – Fonatrans 12. Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito
13. Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social
14. Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores Sem-Teto – MTST Brasil 15. Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB
16. Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA
17. Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
18. Movimento Negro Unificado – MNU
19. Observatório do Clima
20. RCA – Rede de Cooperação Amazônica
21. Rede GTA
22. Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas
23. Uneafro Brasil
ENTIDADES DA SOCIEDADE CIVIL
24. 342Amazonia
25. 342Artes
26. 350.org Brasil
27. Abpes – Associação Brasileira de Pesquisadores de Economia Solidária 28. Ação Educativa
29. Ação Franciscana de Ecologia e Solidariedade – Afes
30. Afro-Gabinete de Articulação Institucional e Jurídica – Aganju 31. Articulação Negra de Pernambuco – Anepe
32. ASSIBGE-RR
33. Associação Alternativa Terrazul
34. Associação Brasileira de Imprensa
35. Associação Brasileira de Reforma Agrária
36. Associação Cultural.Educacional Assistencial Afro Brasileira Ogban 37. Associação de Amigos e Familiares de Pessoas em Privação de Liberdade – MG 38. Associação de Defesa dos Direitos Humanos e Meio Ambiente na Amazônia 39. Associação de Jovens Engajamundo
40. Associação de Mulheres Mãe Venina do Quilombo Curiau 41. Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida – Apremavi 42. Associação dos Moradores e Amigos da Praia Grande (Penha-SC)
43. Associação Evangélica Piauíense – AEPI
44. Associação Interdenominacional de Pastores – Assip
45. Associação para a Gestão Socioambiental do Triângulo Mineiro – Anga 46. Associação Paulista de Cineastas – Apaci
47. Atelier Tuim
48. Avaaz
49. Baía Viva
50. BVRio
51. Carta da Terra Brasil
52. Casa 8 de Março – Organização Feminista do Tocantins
53. Casa das Pretas – RJ
54. Católicas pelo Direito de Decidir
55. Centro de Convivência É de Lei
56. Centro de Cultura Negra do Maranhão
57. Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará – Cedenpa
58. Centro de Formação da Negra e do Negro da Transamazônica e Xingu – CFNTX 59. Centro de Promoção da Cidadania e Defesa dos Direitos Humanos Pe. Josimo 60. Centro de Trabalho Indigenista – CTI
61. Centro Franciscano de Defesa de Direitos (Belo Horizonte-MG) 62. CESE Coordenadoria Ecumênica de Serviço
63. Coletiva DIVERSAS
64. Coletivo Amazônico LesBiTrans
65. Coletivo Cara Preta
66. Coletivo de Mulheres Negras Maria-Maria – Comunema
67. Coletivo Feminista Classista Maria vai com as Outras – Baixada Santista 68. Coletivo Filhas do Vento
69. Coletivo Leste Negra
70. Coletivo Negro Universitário da UFMT
71. Coletivo Raízes do Baobá Negras e Negros (Jaú-SP)
72. Coletivo 660
73. Comissão Arquidiocesana de Justiça e Paz
74. Comissão Justiça e Paz da Diocese de Macapá
75. Comissão Pastoral da Terra – CPT-MG
76. Comitê Estadual de Educação em Direitos Humanos do Piauí 77. Comitê REPAM Xingu
78. Comunidade de Roda de Samba Pagode Na Disciplina
79. Conectas Direitos Humanos
80. Consciência em Movimento – Cooperativa de Saberes
81. Conselho Nacional do Laicato do Brasil – Regional Sul 2
82. CSP-Conlutas (Roraima)
83. Cursinho Popular Risoflora
84. Defensores do Planeta
85. Elo Mulheres da Rede Sustentabilidade Amapá
86. Eugênia Magna Broseguini Keys
87. Fase – Solidariedade e Educação
88. FBDS – Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável 89. Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense – FMAP
90. Fórum Marielles
91. Frente de Mulheres Negras do DF e Entorno – FMNDFE
92. Frente Estadual pelo Desencarceramento de Minas Gerais
93. Frente Estadual pelo Desencarceramento do Amazonas
94. Frente Favela Brasil
95. Frente Nacional de Mulheres do Funk
96. Fundação Avina
97. Fundação SOS Mata Atlântica
98. Fundação Tide Setubal
99. Gambá
100. GEEMA – Grupo de Estudos em Educação e Meio Ambiente 101. Geledés – Instituto da Mulher Negra
102. Gestos
103. Greenpeace Brasil
104. Grupo de Defesa Ecológica Pequena Semente
105. Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Gênero Feminismos e Interseccionalidade
106. Grupo de Estudos AFETO
107. GT Infraestrutura
108. Ile Igbas Axé Oyá Guere Azan
109. Iniciativa Sankofa
110. Instituto 5 Elementos – Educação para a Sustentabilidade
111. Instituto Afro Cultural da Amazônia – MONA
112. Instituto Afrolatinas
113. Instituto Água e Saneamento – IAS
114. Instituto Aldeias
115. Instituto Aromeiazero
116. Instituto Augusto Carneiro
117. Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – Ibase 118. Instituto Búzios
119. Instituto Centro de Vida – ICV
120. Instituto ClimaInfo
121. Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia – Idesam 122. Instituto de Energia e Meio Ambiente – Iema
123. Instituto de Estudos Socioeconômicos – Inesc
124. Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola – Imaflora 125. Instituto de Mulheres Negras do Amapá – Imena
126. Instituto de Pesquisa e Formação Indígena – Iepé
127. Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros – Ipeafro
128. Instituto de Pesquisas Ecológicas – IPÊ
129. Instituto de Referência Negra Peregum
130. Instituto Democracia e Sustentabilidade – IDS
131. Instituto Ecológica
132. Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental 133. Instituto Humanista para Cooperação e Desenvolvimento – Hivos 134. Instituto Internacional de Educação do Brasil – IIEB 135. Instituto Mancala
136. Instituto Mulheres da Amazônia
137. Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável – Insea 138. Instituto Nossa Ilhéus
139. Instituto Pensamentos e Ações para Defesa da Democracia 140. Instituto Pesquisa Ambiental da Amazônia – Ipam 141. Instituto Pólis
142. Instituto Sociedade, População e Natureza – ISPN 143. Instituto Socioambiental – ISA
144. Instituto Soma Brasil
145. Instituto SOS Pantanal
146. Instituto Talanoa
147. Instituto Update
148. International Rivers Brasil
149. Justiça e Paz Integridade da Criação – Verbo Divino 150. Mandata Coletiva Quilombo Periférico de Elaine Mineiro – SP 151. Mandata Quilombo – Erica Malunguinho
152. Marcha das Mulheres Negras de São Paulo
153. Marcha das Mulheres Negras de São Paulo – MMNSP 154. Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais 155. Movimento Afrodescendente do Pará – Mocambo 156. Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia – Mama 157. Movimento de Mulheres do Campo e da Cidade do Estado 158. Movimento Negro Unificado – MNU (Acre)
159. Movimento Nossa BH
160. Movimento Xingu Vivo Para Sempre
161. Núcleo de Educação Popular Raimundo Teis – NEP 162. Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas 163. Núcleo Estadual de Mulheres Negras do Espírito Santo 164. Observatório de Justiça e Conservação
165. ONG GHATA – Grupo das Homossexuais Thildes do Amapá 166. PAD – Processo de Articulação e Diálogo Internacional 167. Pastorais Sociais da Arquidiocese de Santarém
168. Ponto de Cultura Brasil dos Buritis
169. Pretaria.Org – Coletivo Pretaria
170. Projeto Hospitais Saudáveis
171. Projeto Meninos e Meninas de Rua
172. Projeto Saúde e Alegria
173. Recanto Sagrado Ubiratan
174. Rede Brasileira de Conselhos -RBdC
175. Rede das Mulheres de Terreiro de Pernambuco
176. Rede de Cooperação Negra e LGBTQI Pretas e Coloridas
177. Rede de Educação Ambiental de Rondônia – Rearo
178. Rede de Educadores Ambientais da Baixada de Jacarepaguá 179. Rede de Organizações Não Governamentais da Mata Atlântica – RMA 180. Rede Educafro Minas
181. Rede Fulanas Negras da Amazônia Brasileira
182. Rede Igrejas e Mineração
183. Rede Internacional de Pesquisa em Barragens Amazônicas 184. Rede Nacional da Promoção e Controle Social da Saúde, Cultura e Direitos de Lésbicas e Bissexuais Negras – Rede Sapatà
185. Rede Pro UC
186. Rede Ubuntu de Educação Popular
187. Rede Um Grito Pela Vida-CRB
188. Renafro Saúde
189. RPPN Águas Claras I e II
190. Serviço Franciscano de Justiça, Paz e Integridade da Criação – Província Santa Cruz
191. Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia – Sinfrajupe, 192. Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – SPVS 193. SOS Amazônia
194. SOS Mata Atlântica
195. Tindari
196. Uiala Mukaji – Sociedade das Mulheres Negras de Pernambuco 197. Unidos pelos Direitos Humanos Brasil
198. Unitransd (SC)
199. Vivat International Brasil