Sem Terrinha
Centenário de Paulo Freire é tema de leitura e arte por crianças Sem Terrinha
Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST
O pensador Paulo Freire defendia que a educação é feita com o povo, com os oprimidos ou com as classes populares – por cada um de nós, não importando a idade. E no sentido de envolver a todos e todas nas atividades que celebram os cem anos deste grande educador do povo, o MST tem desenvolvido práticas nos assentamentos e acampamentos, com o objetivo de proporcionar às crianças conhecerem, estudarem e se aproximarem da história de Paulo Freire.
A pedagogia de Paulo Freire foi um dos pilares da educação libertadora e popular, contribuindo para muitos setores e movimentos na luta por uma vida mais digna e justa. Na Jornada Nacional Viva Paulo Freire, diante das homenagens ao centenário, as ações com os Sem Terrinha estão voltadas para o trabalho com a infância a partir das dimensões pedagógica, lúdica, política e criativa.
A proposta é que, neste mês de maio, diversas atividades sejam trabalhadas na infância, iniciando pela leitura do livro “História do menino que lia o mundo”. A história, escrita por Carlos Rodrigues Brandão especialmente para as crianças Sem Terrinha, mostra a vida de um dos mais notáveis pensadores da pedagogia mundial, com uma infância pobre, tendo que conviver até mesmo com o sofrimento da fome, mas sem perder jamais a doçura e sem deixar de ver o mundo com os olhos esperançosos de um menino.
A ideia é promover as leituras para que todas as crianças e educadoras/es conheçam a história e o legado de Paulo Freire, enviando exemplares do livro às Escolas do Campo nos estados. A publicação também está disponível pela Expressão Popular. Daiane Ramos, da direção do MST no Vale do Paraíba e do Setor estadual de Educação, falou sobre a experiência nestes espaços.
“Com a ajuda e determinação de companheiras e companheiros, amigos e parceiros nossos, a companheira Tainara, do pré-assentamento Egídio Brunetto, de Lagoinha/SP, iniciou uma ação que fez toda a diferença para que as nossas crianças pudessem ter o acesso ao livro. Conseguimos 50 cópias do livro, sendo já entregues 35 deles neste final de semana. Com livro nas mãos, as crianças já iniciam suas leituras e suas ações. Os relatos que temos recebido mostram que elas gostaram muito de conhecer o Educador Popular, que iniciou escrevendo no chão”, afirmou Daiane.
Sem Terrinha fazendo arte com Paulo Freire
Não são só nas palavras que o Movimento está trabalhando o legado de Freire; mas na ação prática, no modo de pensar e agir, ou como o próprio Freire disse, no “esperançar”. Mesmo não podendo ser em um encontro com demais crianças devido à pandemia de Covid-19, as Sem Terrinha do Pré-assentamento “Egídio Brunetto”, por exemplo, fizeram arte com tintas feitas com a terra, com o que a natureza oferece no cotidiano.
“Com a proposta de leitura e estudo do livro, iniciamos as ações de atividades a partir da natureza. Um exemplo foi a companheira Tainara, lutadora, educadora e mãe, que utilizou com os filhos a tinta natural com a terra. Realizando na prática este estudo, este diálogo, e ações concretas com resultado lindo”, lembra Daiane.
Usar elementos naturais da terra para fazer arte é um dos pilares desta educação transformadora, dando materialidade à filosofia de Paulo Freire. Por isso, o MST convida durante todo o mês de maio para a realização de atividades como estas de produção criativa. Além do uso de tintas, o Setor de Educação do Movimento deu indicativos para as crianças seguirem produzindo desenhos, pinturas, colagens, murais, painéis, redações, cartas, poemas, e o que mais puderem criar.
Sementes de hoje
Para finalizar o mês de maio, será realizado o Ato Nacional da Jornada no dia 26 de maio, em comemoração à visita de Paulo Freire a um assentamento do MST no Rio Grande do Sul. Como ação simbólica, as crianças Sem Terrinha irão homenagear Paulo Freire com o plantio de mudas. A indicação é para plantação principalmente de mudas de mangueiras, árvore símbolo para Paulo Freire, em seguida tirar uma foto e enviar para o Setor de Educação, enviando também o nome, idade e município.
“O plantio de árvores vem sendo realizado desde o inicio da campanha, e com certeza para dia 26 será um dia de muitas ações com muitas crianças Sem Terrinha, plantando árvore e gritando suas palavras de ordem. Elas sabem a importância e necessidade de plantar árvore para elas e para as gerações futuras. E quando falamos sobre produzir alimentos saudáveis, as crianças estão presentes desde à base, nas hortas em seus lotes, mas também em SAF´s (Sistemas Agroflorestais), junto com sua família”, concluiu Daiane.
*Editado por Solange Engelmann