Na Zâmbia, Campanha de Alfabetização e Agroecologia é iniciada

Por Brigada Samora Machel
Da Página do MST

Neste mês de maio foi iniciada na Zâmbia a Campanha de Alfabetização e Agroecologia Fred M’membe, coordenada pela Brigada Internacionalista do MST Samora Machel e pelo Partido Socialista (SP). Baseada no método Ler, Falar e Escrever as Palavras e o Mundo, a Campanha ocorre em três províncias do país: Lusaka, Eastern e Western. O objetivo é alfabetizar trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade na língua oficial do país, o Inglês.

A importância da campanha se dá na medida em que mais de 50% da população zambiana não sabe falar, ler e nem escrever em inglês. A Zâmbia é um país com mais de 72 línguas oriundas das migrações Bantu que deram origem à diversidade de povos existentes hoje no país. Contudo, a alfabetização em inglês é necessária para que a população possa acessar serviços e direitos básicos de saúde, educação e cidadania, dentre outros.

A ênfase em agroecologia é parte do esforço do Partido Socialista em promover uma melhoria na vida da população mais pobre por meio da alimentação saúdavel e geração de renda. Para tanto, contam com a contribuição da Brigada Internacionalista do MST, que junto com os companheiros do partido realizam oficinas e formações de práticas agroecológicas concomitantes com as aulas de alfabetização.

Neste primeiro estágio, que terá a duração de três meses, a campanha visa alfabetizar 2 mil pessoas nas respectivas regiões onde ocorre. Paxcina Mundia Imikendu, coordenadora local da campanha na província de Western e moradora de uma região dos povos Lozi, onde se fala a língua Silozi, afirma que o número de pessoas não-alfabetizadas em sua região em Inglês é muito alto e que essa iniciativa irá alfabetizar 600 pessoas, divididas em 30 turmas no local.

“A campanha é altamente aceita na região, no sentido de que as pessoas entendem que serão capazes de saber como escrever, ler e falar em inglês, uma vez que essa iniciativa irá reduzir o número de analfabetos em nossa região”, ressalta Paxcina. Para ela, a campanha também é importante porque na mesma medida em que as pessoas vão se alfabetizando se transformam em multiplicadores da agroecologia. Em suas palavras possibilita “treinar uma pessoa (em práticas agroecológicas) para que possa treinar os moradores da região”.

Na província de Eastern, no distrito de Malambo, onde a população pertence ao povo Cunda e fala a língua de mesmo nome, o coordenador local Emmanuel N´mbanda comenta sobre a importância da agroecologia para a população local. Segundo Emmanuel, em Malumbo já existem experiências de agroecologia, porém, a campanha “vai ajudar a mais pessoas botarem a mão na massa, ao mesmo tempo em que as conscientiza a não usar produtos químicos que destroem a terra”.

Alfabetizar em tempos de pandemia

Uma das questões mais importantes que surgiu logo no começo do planejamento da campanha foi a respeito das medidas protetivas e sanitárias para evitar o contágio pelo coronavírus. Desde o ano passado a Brigada Samora Machel vem realizando um trabalho de conscientização, fabricação e distribuição de materiais de higiene, os chamados “Hand Sanitizer”, e máscaras para a população.

Antes do começo da campanha todos os Brigadistas do MST foram orientados a se vacinar por meio do consórcio da Covax que tem doado doses da Astrazeneca para diversos países da África. A mesma orientação foi repassada para os membros do Partido Socialista de Zâmbia que estão diretamente ligados a campanha.

Com o início da campanha, foram distribuídos kits de proteção contra o coronavírus junto com os materiais didádicos. As turmas contam com um número limitado de pessoas dentro dos parametros de segurança estabelecidos pelo país, mas sobretudo pelo MST e pelo Partido Socialista. A campanha segue a passo firme compartilhando esperança com a população zambiana, mas sem descuidar da saúde para melhor cuidar das pessoas.

*Editado por Fernanda Alcântara

Confira as fotos da Campanha de Alfabetização: