Soberania Alimentar

Alimentação é direito de todo ser humano!

Confira em 10 pontos porque o MST se posiciona contra a fome nesta jornada pela Soberania Alimentar
Foto: Josiane Gonçalves

O problema:

1. FOME. Mais de 20 milhões de brasileiros e brasileiras passam fome. 55% da população está em insegurança alimentar. Todos os dias, 50 milhões se alimentam mal, sem a quantidade de refeições ou de alimentos para viverem dignamente. Esse crime atinge principalmente mulheres, crianças e o povo negro, expressiva maioria de quem vive nas periferias das cidades. A crise é mundial, mas a política de Bolsonaro aumenta a crise, jogando na sarjeta 67 milhões de trabalhadores e trabalhadoras que não tem trabalho, emprego, renda e direitos.

2. “NÃO ALIMENTO”. Na busca por suprir as necessidades básicas de forma mais barata, aumentou o consumo de produtos ultraprocessados, que saciam a fome, mas não alimentam e, além disso, provocam inúmeros problemas de saúde. O veneno está na mesa! Só no governo Bolsonaro, foram liberados 40% de todos agrotóxicos utilizados na história agrícola do país.

3. ALTA NO PREÇO DOS ALIMENTOS. Tá tudo caro! A inflação geral já está em dois dígitos (10,25%) e a inflação dos alimentos é ainda mais alta, chegando em 14,66%. O gás de cozinha custa 10% do salário-mínimo e a conta de energia tem o peso do desmatamento, responsável pela diminuição de águas em muitas bacias hidrográficas. A política de preços dos combustíveis adotada pelo governo resulta na alta dos preços, só a gasolina subiu 39,6% desde o início do ano. No governo Bolsonaro, a cesta básica subiu 52%, enquanto o salário-mínimo aumentou só 10,2%.

4. DESEMPREGO E PERDA DE RENDA. A reforma trabalhista generalizou a precarização do trabalho. Mal remunerados, a maioria gasta tudo que recebe em alimentos, aluguéis e transporte. O desemprego atinge 14,1% dos brasileiros, o emprego por conta própria explodiu, envolvendo 25 milhões de pessoas, e as dívidas já comprometem 60% da renda das famílias. Nos últimos 10 anos, o número de favelas dobrou no país e o deficit habitacional já é maior que 5,8 milhões de moradias.

Por que a alimentação tá cara?

5. O MODELO CONCENTRADOR DO AGRONEGÓCIO. A agricultura brasileira é dominada pelo agronegócio que não produz alimentos, e sim produtos para exportação, as commodities, explorando as terras e a natureza como ativos produtivos e financeiros. O agronegócio é formado por apenas 1% de fazendeiros, que controlam mais de 50% de todas as terras, alguns deles com áreas de mais de cem mil hectares. Se concentram em cana, soja, milho, algodão e a pecuária bovina para exportação. E junto com eles estão 50 grandes empresas transnacionais que controlam o comércio dos produtos agrícolas, ditando o preço dos produtos. Quanto mais cara é a comida, mais estas empresas lucram.

6. MUDANÇAS CLIMÁTICAS E NOVAS PANDEMIAS. Através do desmatamento, o agronegócio se apropria de terras públicas e invade territórios camponeses, quilombolas e indígenas, deixando um rastro de violência e destruição. Incendeia as florestas, provoca secas, mata os rios, degrada o solo e sua fertilidade, contamina a terra e a água com agrotóxicos. Agredindo o meio ambiente, mudam todo nosso sistema de vida e desequilibram o clima, provocando nuvens de poeiras e de gafanhotos no interior do país e enchentes e deslizamentos de morros nas periferias. As mudanças climáticas provocadas pelo agronegócio separam os agricultores da agricultura e encarecem o preço dos alimentos. A lógica industrial da produção de comida capitalista está na base da geração das pandemias e doenças infecciosas.

7. QUEM PRODUZ COMIDA NÃO TEM APOIO. A agricultura familiar e camponesa produz mais de 360 tipos de alimentos para o povo brasileiro, mas não recebe nenhum apoio do estado e do governo. O governo Bolsonaro abandonou a produção de alimentos, destruiu todas as políticas de apoio para agricultura familiar e só protege o agronegócio, que, apesar de não produzir comida, se apropria da alimentação produzida pelo povo do campo, através da indústria de alimentos, especulando em cima da fome e tornando a comida, uma mercadoria.

Como enfrentar a Fome?

8. FORA BOLSONARO. Para enfrentar a fome, precisamos tirar Bolsonaro e implementar políticas que protejam os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, estimulando a produção de alimentos, exercendo controle sobre os preços e gerando emprego e renda no campo e na cidade.

9. FORA AGRONEGÓCIO. O povo brasileiro não precisa do agronegócio para se alimentar. O agro não paga imposto sobre exportação, especula sobre os alimentos e produz a fome. No Congresso, a Frente Parlamentar da Agricultura tem 241 dos 513 deputados e 39 dos 81 senadores e atua como lobbysta dos seus próprios interesses privados, pautando a regularização da grilagem, a privatização da reforma agrária e a invasão sobre territórios indígenas e camponeses.

10. FORTALECER A LUTA DOS POVOS DO CAMPO, DAS ÁGUAS E DAS FLORESTAS E PRATICAR A SOLIDARIEDADE COM QUEM ESTÁ PASSANDO FOME. Precisamos fazer Reforma Agrária, demarcar terras indígenas, reconhecer os direitos de territórios quilombolas e camponeses. O direito à alimentação para todo o povo brasileiro somente será assegurado através da agricultura camponesa, agroecológica e agroflorestal, em equilíbrio com a natureza e também com estímulos à agroecologia em áreas urbanas. Ocupar os latifúndios, no campo e na cidade!

Dia 16 de outubro, Dia Mundial do Direito a Alimentação!

MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA

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*Editado por Fernanda Alcântara