Liberdade para Assange

Em MG, ato “Liberdade para Assange Já” é realizado em frente ao Consulado Americano

Manifestantes entregaram carta às embaixadas dos EUA e Reino Unido exigindo a liberdade de Julian Assange
Foto: Matheus Teixeira

Por Matheus Teixeira/ Setor de comunicação MST em MG
Da Página do MST

Na manhã de hoje, 25, movimentos populares e sociais realizaram ato pacífico na porta do consulado americano em Belo Horizonte exigindo a liberdade de Julian Assange, criador da plataforma Wikileaks. Perseguido político a 12 anos por denunciar e trazer a público documentos que comprovam diversos crimes cometidos pelo governo dos EUA e que violam os direitos humanos, democracia e soberania de diversos países.

O ativista, jornalista e programador de computador foi preso em abril de 2019 e vivia na embaixada do Equador em Londres. Atualmente, está em uma prisão de segurança máxima após o asilo político ter sido revogado, aguardando julgamento, e teme ser extraditado para os EUA.

Emerson Andrada, coordenador geral do SindEletro, reforça o real motivo de os EUA desejar a extradição do jornalista. “Julian Assange é injustamente perseguido pelo governo americano que o persegue por todo mundo, cerceando a sua liberdade impedindo a sua capacidade de reproduzir no jornalismo as denúncias contra a espionagem, contra o ataque americano aos povos, contra a produção de guerra para gerar riqueza para o governo americano e pobreza, miséria, fome e morte nos outros países.”

Foto: Setor de comunicação MST em MG

Emerson conta ainda que; “ Assange denunciou com muita coragem e a sua denúncia ao invés de promover a mudança de atitude do governo americano produziu uma perseguição sem igual ao jornalismo responsável e sério, por isso que estivemos hoje aqui dando o recado em consonância com atos mundial que pede que Julian Assange não seja extraditado, Julian Assange deve ser libertado.”

Durante o ato foi realizada a leitura da carta “Julian Assange não deve ser extraditado, Julian Assange deve ser libertado!” da Assembleia Internacional dos Povos (API) e a tentativa de protocola-lá, o que não aconteceu pois os manifestantes não foram recebidos pelos representantes do consulado.

Foto: Setor de comunicação MST em MG

Confira a carta na íntegra:

Julian Assange não deve ser extraditado, Julian Assange deve ser libertado!                  

Às autoridades diplomáticas e consulares dos termos fluidos e dos Estados Unidos,
Às autoridades legais e políticas responsáveis pelo julgamento de Julian Assange,

A combinação de diferentes crises econômicas, sanitárias, alimentares e ecológicas agravos à crise social enfrentada pelos trabalhadores e trabalhadoras em seus países. A possibilidade de uma saída autoritária para a crise é evidente em muitos países do mundo. Diante das necessidades urgentes do povo – saúde, alimentação, abrigo, segurança – governos autoritários impõem repressão, perseguição e silêncio.

Nessas horas críticas para a humanidade, não podemos nos dar ao luxo de ficar em silêncio.

Por mais de dez anos, Julian Assange enfrentou uma perseguição implacável porque se recusou a permanecer em silêncio. Seu trabalho jornalístico descobriu os terríveis abusos dos regimes políticos que impóem o terror, o genocídio e a destruição para satisfazer seus interesses. Se não fosse Assange e o WikiLeaks, não teríamos ideia de quantos civis afegãos, iraquianos e iemenitas foram mortos pelas bombas e drones do império norte-americano, que pensavam que ao matá-los em terras distantes teriam total impunidade.

Enquanto estes crimes contra a humanidade ficam impunes, Julian Assange sofre uma terrível punição por ousar expô-los ao mundo. O processo judicial contra ele é um exemplo do uso político de instituições estatais contra o interesse geral.

Julian Assange não vê a luz do dia há mais de dez anos, submetido à tortura e ao confinamento isolado. Como no caso de outros presos políticos, este tratamento procura quebrar sua vontade e infligir punição exemplar, para que outras vozes também sejam silenciadas. Mas Julian Assange resiste, apesar das graves consequências para sua saúde mental e psicológica. Ele suporta a arbitrariedade e a injustiça com dignidade e rebeldia.

Julian Assange disse ao tribunal que decide sobre sua possível extradição para os EUA: “Não aceitarei que censurem o testemunho de uma vítima de tortura perante este tribunal“. Há milhões de nós que não aceitarão que sua voz seja silenciada e não calaremos a nossa própria. Não estamos dispostos a desviar o olhar dos graves abusos a que ele está sendo submetido.

Aqueles de nos que apoiam esta declaração, se solidarizam com ele e sua família, sua companheira, seus filhos e seus pais.

Unimos nossas vozes às de jornalistas de todo o mundo, que sabem que sua profissão se tornará ainda mais perigosa se Julian Assange for extraditado e que a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa estarão sujeitas a perseguições ainda mais implacáveis.

Unimos nossas vozes às do povo britânico, que estão indignados com a submissão das instituições nacionais aos interesses de uma potência estrangeira, em uma aplicação grosseira de extraterritorialidade, sem respeito ao Estado de Direito.

Unimos nossas vozes às de ativistas e defensores dos direitos humanos que sabem que podem ser os próximos a sofrer arbitrariedades, perseguições e torturar de Estados poderosos que buscam vingança, não justiça.

Unimos nossas vozes às de juristas de todo o mundo que alertaram sobre graves irregularidades no processo judicial contra Julian Assange e tememos que o Estado de Direito seja mortalmente ferido se ele for extraditado.

Mas acima de tudo, unimos nossas vozes às das milhares de vítimas nos países invadidos, atacados pelas forças militares dos Estados poderosos. De todas as vozes silenciadas pela brutalidade da guerra, de todas as vítimas de crimes cujos perpetradores, até hoje, permanecem impunes.

Julian Assange arriscou sua vida e liberdade ao não permanecer em silêncio, ao não aceitar que estes crimes permanecessem escondidos e impunes. Nestes tempos sombrios para a humanidade, precisamos da voz de Julian Assange, precisamos de todas as vozes que denunciem os crimes contra a humanidade.

A perseguição e prisão de Assange não visa apenas silenciar seu trabalho, mas também atacar todo bom jornalismo e todos aqueles que levantam sua voz para espalhar a verdade sobre a violência, guerras e tentativas de dominação por parte dos países imperialistas.

Julian Assange não deve ser extraditado, Julian Assange deve ser libertado!

Saudações,

Assembleia Internacional dos Povos.

*Editado por Fernanda Alcântara