Eleições 2022
“Por que São Paulo passa fome?”: aulas públicas levam debate a diferentes espaços de SP
Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST
No estado de São Paulo, atualmente, quase 7 milhões de pessoas passam fome. Como as eleições impactam diretamente em nossas vidas e qual a relação desta pauta com a Agroecologia? Estas e outras perguntas estão sendo pautadas no último período, na perspectiva de incentivar o debate e a troca de experiências em diferentes esferas da sociedade.
“Precisamos trazer essa riqueza e diversidade toda para a mesa dos trabalhadores”. O apelo é de Maria Alves, militante Sem Terra do assentamento Comuna da Terra Irmã Alberta, em Perus – SP, durante a aula pública “Por que São Paulo passa fome?”. A aula fez parte da programação da Virada Agroecológica, entre rodas de conversa, oficinas, aulas abertas e atividades culturais e artísticas para a conscientização sobre a importância da agroecologia.
O ato aconteceu na praça do Ciclista, e foi a terceira aula pública realizada pelo MST e pela Frente Nacional Contra Fome e Sede, como parte do calendário de lutas, puxadas em todo o mundo pela Soberania Alimentar e contra o agronegócio.
“Não podemos mais soltar as mãos. Temos muita gente que produz de forma limpa, agroecológica, sem agrotóxicos, que manejam seus roçados, suas hortaliças e temos que espalhar esse saber. E temos também muitas categorias de trabalho, muitos estudantes, do campo e do urbano, que já entenderam que tem que participar, que precisa participar, para que a gente salve este planeta”, lembrou Maria Alves.
No último sábado (22), em outra aula pública, vários representantes de associações comunitárias, organizações não governamentais, coletivos e cozinhas comunitárias. Eles se reuniram no bairro Grajaú Zona Sul de São Paulo para debater com o MST e compartilhar as diferentes experiências na defesa da segurança alimentar para todos, especialmente das crianças.
De forma geral, as aulas públicas têm sido uma importante ferramenta para o MST trazer este debate para diferentes realidades e lembrar da importância de, no dia 30 de outubro, transformar nosso voto em uma arma contra a fome que assola todos os cantos do nosso país.
Um dos elementos principais dos debates têm trazido questões sobre como o investimento na produção do agronegócio tem gerado fome no país e a necessidade de avançar na construção de políticas públicas, que garantam o desenvolvimento sustentável, econômico e combate à fome diretamente.
Desde 2017 os valores do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) não são atualizados. Isso significa que, por dia de aula, o governo federal transfere para estados e municípios entre R$ 0,36 e R$ 0,53 centavos para a alimentação escolar de estudantes do ensino fundamental e médio; e entre R$ 1,07 e R$ 2,00 para a alimentação escolar de cada estudante da educação básica no ensino integral.
O subfinanciamento do Pnae é um dos principais gargalos para a plena execução do programa que compra comida para crianças e jovens que estão hoje, neste momento, frequentando as escolas públicas brasileiras. Sem recursos suficientes, como expandir a quantidade de estudantes atendidos? Como melhorar a qualidade da alimentação ofertada?
“A agricultura familiar camponesa se baseia no trabalho familiar, se dedica à produção de alimentos, primeiro, para própria família, e depois para o mercado local. A agricultura familiar camponesa é a base da alimentação dos brasileiros, 80% da alimentação que chega na mesa do trabalhador hoje vem da agricultura familiar”, lembrou João Pedro Stedile, em vídeo na primeira aula pública (confira a aula completa AQUI).
Por isso, Fernando Haddad e Lula são apontados como os nomes capazes de reverter essa situação. “Quando a gente luta por terra, estamos lutando para implementar o método de produção da agricultura familiar. Por outro lado, o Governo Bolsonaro, combateu a reforma agrária e destruiu as políticas que beneficiaram a agricultura familiar camponesa”, completou Stedile.
Agricultura familiar camponesa, segurança alimentar, crescimento econômico e combate à fome são algumas bandeiras destas candidaturas e, por isso, todos estas ações acontecem em meio a panfletaços, caminhadas, passeatas e atividades relacionadas à participação popular e à esperança de um país melhor na eleição de Lula.
Confira algumas fotos das aulas públicas já realizadas:
*Editado por Solange Engelmann