Eleições 2022

“Por que São Paulo passa fome?”: aulas públicas levam debate a diferentes espaços de SP

Tema de aula pública realizada na Avenida Paulista na "Virada Ecológica", pergunta aponta agroecologia como único caminho possível nestas eleições
Aula pública na Avenida Paulista, realizada no último domingo (23). Foto: Yuri Gringo

Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST

No estado de São Paulo, atualmente, quase 7 milhões de pessoas passam fome. Como as eleições impactam diretamente em nossas vidas e qual a relação desta pauta com a Agroecologia? Estas e outras perguntas estão sendo pautadas no último período, na perspectiva de incentivar o debate e a troca de experiências em diferentes esferas da sociedade.

“Precisamos trazer essa riqueza e diversidade toda para a mesa dos trabalhadores”. O apelo é de Maria Alves, militante Sem Terra do assentamento Comuna da Terra Irmã Alberta, em Perus – SP, durante a aula pública “Por que São Paulo passa fome?”. A aula fez parte da programação da Virada Agroecológica, entre rodas de conversa, oficinas, aulas abertas e atividades culturais e artísticas para a conscientização sobre a importância da agroecologia.

O ato aconteceu na praça do Ciclista, e foi a terceira aula pública realizada pelo MST e pela Frente Nacional Contra Fome e Sede, como parte do calendário de lutas, puxadas em todo o mundo pela Soberania Alimentar e contra o agronegócio.

“Não podemos mais soltar as mãos. Temos muita gente que produz de forma limpa, agroecológica, sem agrotóxicos, que manejam seus roçados, suas hortaliças e temos que espalhar esse saber. E temos também muitas categorias de trabalho, muitos estudantes, do campo e do urbano, que já entenderam que tem que participar, que precisa participar, para que a gente salve este planeta”, lembrou Maria Alves.

Aula pública realizada no Grajaú, Zona Sul de São Paulo. Foto: MST em SP

No último sábado (22), em outra aula pública, vários representantes de associações comunitárias, organizações não governamentais, coletivos e cozinhas comunitárias. Eles se reuniram no bairro Grajaú Zona Sul de São Paulo para debater com o MST e compartilhar as diferentes experiências na defesa da segurança alimentar para todos, especialmente das crianças.

De forma geral, as aulas públicas têm sido uma importante ferramenta para o MST trazer este debate para diferentes realidades e lembrar da importância de, no dia 30 de outubro, transformar nosso voto em uma arma contra a fome que assola todos os cantos do nosso país.

Aula pública realizada no Grajaú, Zona Sul de São Paulo. Foto: MST em SP

Um dos elementos principais dos debates têm trazido questões sobre como o investimento na produção do agronegócio tem gerado fome no país e a necessidade de avançar na construção de políticas públicas, que garantam o desenvolvimento sustentável, econômico e combate à fome diretamente.

Desde 2017 os valores do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) não são atualizados. Isso significa que, por dia de aula, o governo federal transfere para estados e municípios entre R$ 0,36 e R$ 0,53 centavos para a alimentação escolar de estudantes do ensino fundamental e médio; e entre R$ 1,07 e R$ 2,00 para a alimentação escolar de cada estudante da educação básica no ensino integral.

O subfinanciamento do Pnae é um dos principais gargalos para a plena execução do programa que compra comida para crianças e jovens que estão hoje, neste momento, frequentando as escolas públicas brasileiras. Sem recursos suficientes, como expandir a quantidade de estudantes atendidos? Como melhorar a qualidade da alimentação ofertada?

“A agricultura familiar camponesa se baseia no trabalho familiar, se dedica à produção de alimentos, primeiro, para própria família, e depois para o mercado local. A agricultura familiar camponesa é a base da alimentação dos brasileiros, 80% da alimentação que chega na mesa do trabalhador hoje vem da agricultura familiar”, lembrou João Pedro Stedile, em vídeo na primeira aula pública (confira a aula completa AQUI).

Aula pública na Avenida Paulista, realizada no último domingo (23). Foto: Yuri Gringo

Por isso, Fernando Haddad e Lula são apontados como os nomes capazes de reverter essa situação. “Quando a gente luta por terra, estamos lutando para implementar o método de produção da agricultura familiar. Por outro lado, o Governo Bolsonaro, combateu a reforma agrária e destruiu as políticas que beneficiaram a agricultura familiar camponesa”, completou Stedile.

Agricultura familiar camponesa, segurança alimentar, crescimento econômico e combate à fome são algumas bandeiras destas candidaturas e, por isso, todos estas ações acontecem em meio a panfletaços, caminhadas, passeatas e atividades relacionadas à participação popular e à esperança de um país melhor na eleição de Lula.

Confira algumas fotos das aulas públicas já realizadas:

*Editado por Solange Engelmann