MST São Paulo
Em Campinas (SP), MST realiza encontro regional com militância Sem Terra e aliados
Por Marília Fonseca
Da Página do MST
No último sábado (14), foi realizado o Encontro Regional da militância do MST de Campinas, interior de São Paulo. O Encontro aconteceu no acampamento Marielle Vive, em Valinhos. Na programação da atividade com a militância houve análise de conjuntura, diálogo sobre os próximos desafios da organização e confraternização com mística, formação, debates, música, animação, alimentação saudável, ciranda infantil e muita cultura popular.
Para contribuir com a análise de conjuntura, participaram Gerson Oliveira, da Direção Estadual do MST em São Paulo, a professora e vice-presidenta do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL Campinas) Marcela Moreira e Pedro Tourinho, do Partido dos Trabalhadores (PT).
Gerson Oliveira trouxe uma análise internacional da crise do capitalismo, das resistências à extrema direita e ao colonialismo norte-americano na América Latina e no Brasil, fazendo o debate da hegemonia dos meios de comunicação e um resgate histórico da conjuntura no Brasil desde o golpe à ex-presidenta Dilma Rousseff.
Para o dirigente, “o projeto da democracia burguesa foi pensado na lógica de que quem ganhar as eleições vai governar. Isso foi interrompido quando em 2014, Aécio Neves questionou o resultado das eleições. Iniciou, então, um tensionamento que chegou ao golpe e à deposição da Dilma. Golpe que foi misógino! A ex-presidenta incomodou a burguesia quando mexeu nos ganhos financeiros dos investidores mexendo nas taxações – diminuiu as taxas da classe trabalhadora, considerado um retrocesso à burguesia e um avanço às classes populares. Nesse momento, Jair Bolsonaro já transitava nos quartéis e projetava sua presidência articulado à extrema direita internacional”, aponta.
Marcela Moreira trouxe um diálogo sobre os desafios dos próximos anos, na qual a classe trabalhadora e os movimentos populares têm a tarefa de seguir construindo seus rumos na história: “precisamos pensarmos como disputaremos esse processo nesses quatro próximos anos, que serão muito duros no estado de São Paulo, com governo miliciano e privatista, que tem como secretária das mulheres uma pessoa que fala que o feminismo é o grande câncer dessa luta.” E apontou a necessidade da organização popular da classe trabalhadora. “Devemos garantir força política para que Lula faça os enfrentamentos necessários! Devemos cumprir nossa tarefa revolucionária de mudar esse país! Tensionar o governo Lula para que se mantenha o mais à esquerda possível. Devemos resistir em São Paulo frente à esse governo fascista. Mais do que nunca é luta de classes! Reconstruir esse país com afeto e brilho nos olhos que vemos em vocês, nos movimentos populares”, afirmou.
Fortalecimento do MST na Região de Campinas
O processo de formação territorial da região de Campinas tem um histórico escravocrata, isso gera elementos para o fortalecimento do trabalho de base considerando as questões étnico-raciais, por isso Campinas é um ponto estratégico para fortalecermos a luta pela terra e pela Reforma Agrária Popular. Também se coloca como um dos desafios do MST nesse novo governo retomar o processo de formação da sociedade, principalmente com a população de que se identifica como evangélicos neopentecostais. Alterar o discurso retórico fácil que o bolsonarismo atingiu, só se dará com trabalho de base e disputa dos meios de comunicação. Outro desafio é ter a pauta da Reforma Agrária Popular forte, buscar dialogar com os partidos políticos de esquerda e do governo para que entendam que a disputa ideológica não se faz só nas escolas, mas também na luta pela terra, que ao desapropriar áreas estas ajudam a mobilizar a sociedade e elevar a conscientização da classe. Conquistas concretas fortalecem a luta de classe.
Nesse sentido, Gerson aponta como esses desafios se desdobram na região de Campinas: “conquistarmos a área do acampamento Marielle Vive é fortalecer muito essa luta e seguirmos denunciando esses crimes da escravidão da região. Nós queremos transformar essas terras em áreas libertas da escravidão, libertas dos agrotóxicos e das violências. Rumo à construção do poder popular!”
Pedro Tourinho, traz à tona análise da democracia e dos direitos sociais do povo brasileiro: “os atos ocorridos por bolsonaristas foram violentos e, fortalecem a retomada da democracia, como saída a barbárie e o caos que se instaurou por setores fascistas e conservadores. É essencial recuperarmos as políticas públicas, isso é tarefa da organização e dos movimentos de esquerda. Os movimentos de massas têm que fazer lutas de massas que pressionem essas mudanças.”
Durante todo o dia tivemos a ciranda infantil, espaço no qual as crianças puderam socializar brincadeiras, saberes e conhecimentos, enquanto a/os adulta/os participavam dos diálogos. Assim como a cultura popular e animação perpassaram todo o encontro finalizando com a noite cultural, com uma roda de samba entre o povo Sem Terra e artistas aliados da regional.
Por isso, o MST se organiza cotidianamente com formação e luta. Os Encontros Regionais trazem a potência organizativa que o MST constrói no dia a dia, é o momento de renovar as instâncias e projetar novas companheiras, companheires e companheiros para tarefas e responsabilidades dentro dos setores e coletivos. Com diálogos específicos de cada frente na projeção dos desafios e próximos passos dentro da luta.
Seguiremos tensionando e renovando as esperanças e potencializando o respeito e atuação das diversidades. Levar nossas pautas com muito trabalho de base e disputa dos meios de comunicação, serão essenciais e permanentes para fortalecermos a esquerda e sairmos mais fortes para os próximos períodos. Seguiremos fortalecendo nossas referências de comunicação popular, do povo com e para o povo, disputando a narrativa das ideias nesse próximo período.
Renovades, o MST na Regional Campinas segue em luta no governo Lula com pautas populares e conquistas para classe trabalhadora. Alimentação e relações saudáveis para o campo e as cidades! Viva a classe camponesa e operária em sua organização histórica contra a hegemônica em tempos duros de extrema direita e neoliberalismo!
*Editado por Solange Engelmann