Nota de Repúdio
Luta indígena: De que lado da história nós estamos?
Da Página do MST
Somos uma nação subjugada pelos potentes, uma nação espoliada, uma nação que está morrendo aos poucos sem encontrar o caminho, porque aqueles que nos tomaram este chão não têm dado condições para a nossa sobrevivência”, Marçal de Souza Tupã Y, Liderança Guarani, MS.
O sentido histórico da solidariedade e da comum união entre trabalhadores e trabalhadoras nos convoca a ficar do lado do povo Guarani e Kaiowá.
A declaração pública, do dia 09 de março, realizada pelo Deputado Zeca do PT na tribuna da Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul, sobre a retomada de Laranjeira Nhanderu em Rio Brilhante, é inadmissível e explicita as contradições não resolvidas dos problemas agrários do Brasil.
O deputado estadual e ex-governador do Mato Grosso do Sul, José Orcírio Miranda (PT), conhecido como Zeca do PT, condenou a ocupação do latifúndio de um amigo por indígenas no município.
A barbaridade social e ambiental se encontra em produzir grãos derivados do monocultivo em grande escala, com uso de agrotóxicos em territórios que historicamente são dos povos originários e dos quais foram violentamente expulsos. Grãos que serão vendidos nos balcões dos mercados para enriquecer especuladores internacionais sem considerar as necessidades das comunidades locais.
A barbaridade é os povos do campo e os trabalhadores da cidade não poderem ter acesso a uma alimentação diversificada e sem veneno. Barbaridade é não poder ter acesso a fontes de água, não contaminadas e a destruição ambiental e o esgotamento da mãe terra.
A barbaridade é a fome que assola diariamente as comunidades indígenas, que aguardam há anos, a partir de estudos antropológicos sérios, a burocracia estatal pela demarcação de suas terras ancestrais.
Os Guarani e Kaiowá de Larenjeira Nhanderu se levantaram e retomaram suas terras por não conseguir mais beber água envenenada e colocaram um sentido de urgência para toda a sociedade brasileira: o grande risco que a vida dos brasileiros corre frente ao atual modelo de produção agrícola.
Manifestamos toda nossa solidariedade e apoio aos povos indígenas que lutam pelo direito de estar e permanecer nos seus territórios e levar seus modos de vida, resistindo assim ao extermínio e ao genocídio que vem sofrendo ao longo de suas histórias.
O nosso projeto agrário para o campo é diferente do “produtivismo” do agronegócio, defendemos e colocamos em primeiro lugar a autossustentação das comunidades indígenas, camponesas e quilombolas em territórios livres de monocultivo e veneno.
Defendemos a produção de alimentos saudáveis e abundantes para a classe trabalhadora das cidades.
Defendemos um ar livre de venenos e a preservação do meio ambiente. Defendemos a Soberania Alimentar, matriz produtiva baseada nos saberes indígenas e camponeses que apontem para a agroecologia e para relações sociais humanizadas e de equidade.
Repudiamos quaisquer tentativas de criminalização de movimentos de retomada de territórios Indígenas. Seguimos reafirmando nosso compromisso na defesa do direito à terra, à moradia e à Reforma Agrária Popular e reiteramos nossa solidariedade a todos os povos indígenas que sofrem sistematicamente a violação de seus direitos.
A prioridade de lucro de alguns poucos não pode estar acima da VIDA das comunidades indígenas e do povo brasileiro.
Demarcação já!
Direção Estadual do MST no Mato Grosso do Sul