Cultura Popular

4ª Feira do MST recebe mais de 300 artistas populares e mostra diversidade cultural

“A cultura é semear o novo, trazer esperança e pautar o sonho”, afirma Carla Loop, da direção nacional do coletivo de cultura MST, ao avaliar o papel da cultura na 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária.
Cortejo da Trupe dxs Encantadxs leva a cultura popular para as pessoas que estão frequentando a Feira. Foto: Mykesio Max.

Por Ana Carolina Vasconcelos
Da Página do MST

Ao todo, mais de 300 artistas populares passam pela Feira, que acontece esta semana no Parque Água Branca, na região central de São Paulo. Na quinta-feira (11), a programação do palco Terra foi aberta pelo grupo Encontros e Cantorias. Por ali, no dia que começou a Feira, também passaram o cantador Ton Ramos e o violeiro Cláudio Lacerda.

Nesta sexta-feira (12), o palco recebeu o artista Ivan Lobo e Tita Reis e os grupos Cabaré Feminista e D’Águas. No dia seguinte, a abertura das apresentações fica por conta de Cacique Pajé. Depois, o palco Terra ainda recebe o grupo Baobá, as Clarianas e as Canções de Luta.

No domingo (14), dia de encerramento da Feira, é a vez de Samba da Origem, Pastoras do Rosário e do artista mineiro Pereira da Viola se apresentarem.

Ao longo dos quatro dias da 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária, o espaço que simboliza a síntese das lutas e do que é produzido pelo MST em todo o Brasil, também contou com diversas manifestações da cultura popular de chão. Teatro, poesia, cortejos e intervenções acontecem de forma descentralizada por toda a extensão do parque.

Uma das apresentações teatrais que marcaram o evento foi a peça “O chão de dentro é minha terra”, do grupo de teatro Cia Los Puercos, que conta a história do assentamento Comuna Irmã Alberta.

Para quem gosta de poesia, precisa conhecer O Encantador, que durante todos os dias da Feira, convida o público a sentar numa cadeira e ouvir uma poesia de um minuto. Os textos são autorais do artista e nos convida a refletir sobre a natureza e a agroecologia.

Carla Loop explica que um dos elementos que motivou o movimento a trazer essa ampla programação cultural foi a vontade de acolher as diversas manifestações artísticas do povo brasileiro.

“Trouxemos pro palco a folia de reis, o maracatu, o jongo, a viola, o hip-hop, a ancestralidade, a música popular brasileira. Assim, dos jovens até pessoas mais experimentadas podem se sentir acolhidas e com afeto”, explica.

Apresentação da peça “O chão de dentro é minha terra”, do grupo de teatro Cia Los Puercos. Foto: Juliana Adriano

Cultura e Reforma Agrária

Um dos objetivos da Feira é ampliar o debate com a sociedade sobre a necessidade da reforma agrária. Nessa luta, Carla enfatiza que a cultura popular possui lugar destacado. Para ela, a arte, além de ser fundamental para a resistência, também ajuda a nos tornarmos seres humanos mais criativos e menos suscetíveis à exploração.

“Se essa construção não tiver lugar para a alegria, para esperança e para a arte, não será a nossa revolução. Pessoas mais humanas não vão permitir serem exploradas da forma que o mundo funciona hoje. A arte revela as mazelas, mas revela também que a gente pode se emancipar”, avalia.

“A cultura popular traz uma sabedoria que provoca, nos aproxima e nos ajuda a construir uma reforma agrária que seja popular, que é de todas e todos realmente”, concluiu a dirigente nacional do MST.

*Editado por Diógenes Rabello